Vinhático, candeia, candeeiro, pau-de-candeia, amarelinho
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, até 12 m de altura e 40 cm de DAP. Casca espessa; ritidoma suberoso, cinzento, irregularmente dividido e descamante; casca interna vermelha. Madeira moderadamente pesada; cerne variando de amarelado a marrom. Folhas alternas, bipinadas, paripinadas, com 3-12 pares de pinas opostas, paripinadas, e com 6-24 pares de folíolos por pina; folíolos opostos, subsésseis, glabros ou pubescentes, de 7-15 x 5-10 cm; raque e pecíolo roliços, totalizando 10-35 cm de comprimento; raquilas de 6-12 cm de comprimento; base do pecíolo e ápice das raquilas com nectários extraflorais. Inflorescências racemosas, glabras ou pubescentes, isoladas ou em cachos supra-axilares, de 5-10 cm de comprimento. Flores pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, perfumadas, de 6-8 mm de comprimento. Fruto plano-compresso, oblongo, acuminado, bivalvar, polispermo, deiscente, de 5-10 x 2-3 cm, com exocarpo liso, marrom na maturação e endocarpo dividido em artículos retangulares, membranáceos, monospérmicos, indeiscentes. Semente obovada, amarelada a marrom, dura, de 6-12 x 4-7 mm, com pleurograma em forma de U.
Ocorre no Paraguai, Bolívia, Suriname e no Brasil, nas unidades federativas das regiões Centro-Oeste e Sudeste e nos estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará, Amapá e Paraná. Habita cerrados, cerradões e florestas estacionais subcaducifólias, estando relacionada a solos de distróficos a mesotróficos. Ocorre em todas as partes da área de abrangência do Cerrado.
Perde a folhagem na estação seca; floresce de setembro a novembro, com pico em outubro; e apresenta frutos maduros de julho a setembro. As flores são freqüentadas por insetos, com destaque para abelhas silvestres, Apis mellifera e vespas As sementes são dispersas por redominhos ou ventos fortes. Os frutos verdoengos costumam ser predados por psitacídios e as sementes frequentemente apresentam alta taxa de predação por bruquídeos.
A madeira de P. reticulata é resistente à ação de agentes decompositores e ainda hoje é usada em obras externas e internas no meio rural e no urbano, e em confecção de móveis. A casca já foi muito utilizada nos processos artesanais de curtimento de couros, devido ao seu alto teor de tanino; atualmente é mais utilizada na fitoterapia caseira, como cicatrizante. As flores são fonte de néctar e pólen para abelhas. Os frutos verdoengos entram na dieta de psitacídios. A espécie é indicada para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas e reflorestamentos para produção de madeira versátil e durável.
O tegumento das sementes de P. reticulata é pouco permeável à água. Os tratamentos preconizados para superar a dormência imposta por esse revestimento têm sido os seguintes: a) imersão das sementes em água na temperatura ambiente por 24 horas, b) imersão das sementes em água fervente por alguns segundos, c) imersão das sementes por 5-10 minutos em água contendo 2% de ácido sufúrico e d) escarificação do tegumento com lixa d’água 220. Recomenda-se realizar a semeadura imediatamente após o tratamento, em recipientes de 25 x 15 cm contendo substrato organo-argiloso e sob 30% a 50% de sombreamento. A área de plantio definitivo das mudas pode ser parcialmente sombreada ou ensolarada que, preferencialmente, que tenha solo de média a alta fertilidade.
P. reticulata predomina em áreas favoráveis para atividades agropastoris e é objeto de corte para aproveitamento da madeira, mas ocorre em todo o Cerrado e está representada em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
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Árvore com folhagem nova, em cerradão convertido em pastagem. Goiandira (GO), 11-11-2014
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Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Goiandira (GO), 11-11-2014
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Inflorescências e folhas novas. Posse (GO), 25-10-2014
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Frutos maduros: à esquerda, fruto fechado; à direita, fruto aberto, com as valvas expondo as sementes, Guarda-Mor (MG), 22-09-2017