Didymopanax morototoni (Aubl.) Decne. & Planch.

Sinônimo: Schefflera morototoni  (Aubl.) Maguire et al.

Mandiocão, mandiocão-da-mata, caixeta, caixeteiro, morototó

Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, monoica ou dioica, até 25 m de altura e 50 cm de DAP. Ritidoma estreito, cinzento ou amarelado, íntegro ou ligeiramente dividido; casca interna branco-amarelada, escurecendo rapidamente quando talhada; circundada por epiderme verde. Madeira leve a moderadamente pesada, com faixas variando de cinzentas a marrom-claro. Copa umbeliforme, larga, com esgalhamento ascendente. Folhas alterno-espiraladas, digitadas, pilosas, com pecíolo de 30-65 cm de comprimento e 5-10 folíolos peciolulados, discolores, de 6-8 x 10-15 cm. Inflorescências paniculiformes, terminais, pubescentes, de 15-28 cm de comprimento, formada por umbelas e umbélulas. Flores amarelo-pálidas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, ocasionalmente unissexuais, com 4-6 mm de comprimento. Frutos compressos,  bilobados, azulados quando imaturos, purpúreos e suculentos quando maduros, com 6-8 x 8-10 mm e 2 sementes brancacentas, em endocarpos rijos.

Distribui-se do norte da Argentina ao sul do México, passando pelo Caribe, América Central e quase todas as unidades federativas do Brasil. Ocorre em todo o bioma Cerrado, em florestas ribeirinhas, florestas estacionais subcaducifólias e cerradões.

Perde e adquire folhas ao longo de todo o ano, com maiores perdas em junho e julho e maiores emissões entre agosto e outubro. Normalmente, floresce em março e abril e apresenta frutos maduros de agosto a outubro. As flores são frequentadas por insetos, com destaque para moscas e abelhas, que aparentemente são os seus polinizadores. As sementes são dispersas por pássaros e provavelmente por macacos e alguns outros animais.

Fornece madeira versátil, considerada boa matéria-prima para fabricação de polpa para papel e muito usada em algumas regiões para confecção de caibro, ripa, forros, molduras, caixotes, caixinhas para doces, urnas funerárias, tamancos, utensílios domésticos e brinquedos. As flores oferecem pólen e néctar aos seus visitantes. Os frutos entram na dieta de aves, principalmente psitacídeos e tucanos; por mamíferos arborícolas, sobretudo macacos; e alguns animais terrestres. A espécie, por formar árvores que apresentam conformação fora do comum e são fonte de alimento para muitos membros da fauna silvestre, é altamente indicada para arborização urbana e recomposição de áreas alteradas nos seus ambientes preferenciais de ocorrência.

É propagada por sementes, que são postas para germinar sem serem retiradas do endocarpo (caroço). Este é pouco permeável à água, o que faz com que mesmo quando bem limpos e colocados em meio favorável a germinação das sementes seja demorada, desuniforme e baixa. Tratamentos como imersão em soda cáustica 40% por 10 minutos (Cipriani et al., 2016), imersão em água ou em água + alcohol por 15-45 minutos (Franco & Ferreira (2002) e imersão em água quente por cinco minutos + imersão em água sem aquecimento por 12 horas (Pantoja, Ohashi e Leão, sd.) revelaram-se eficientes na superação parcial dos empecilhos à germinação das sementes.  Mantovani et al. (1999) propuseram um protocolo para produção de mudas de S. morototoni utilizando segmentos do ápice dos ramos como explantes, mas parece que a proposta ainda não encontrou muitos adeptos entre os viveiristas.

S. morototoni teve as suas populações bastante reduzidas no Cerrado, devido aos desmatamentos e aos cortes com vistas à utilização da madeira. Porém, é uma espécie que tem ampla dispersão, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em diversas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Variedades

Além da variedade típica (morototoni), Schefflera morototoni possui também a variedade sessiliflorus (Marchal) Frodin, que segundo Fiaschi et al. (2007), é endêmica de algumas áreas da divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Árvore em cerradão convertido em pastagem. Guarda-Mor (MG), 16-07-2017

Superfície do ritidoma. Guarda-Mor (MG), 16-07-2017

Folhas: faces adaxial (esquerda) e abaxial (direita). Abadia dos Dourados (MG), 21-06-2014

Inflorescência. Coromandel (MG), 15-03-2014

Infrutescências. Uberlândia (MG), 07-07-2021

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