Sinônimo: Spondias lutea L.
Cajá, cajazeira, cajá-mirim, taperebá
Árvore eventualmente com acúleos nos ramos e nas cristas do ritidoma, caducifólia, heliófila, monoica, resinífera, até 20 m de altura e 70 cm de DAP; resina esbranquiçada. Ritidoma cinzento a pardacento, espesso e sulcado, às vezes com acúleos nas cristas entre os sulcos; casca interna rosada. Madeira leve, amarelada ou marrom-clara. Folhas alternas, imparipinadas, pilosas ou glabras, com 9-17 folíolos de 5-13 x 2-6 cm. Inflorescências paniculadas, geralmente pilosas, com 15-40 cm de comprimento e com flores hermafroditas e masculinas. Flores brancas ou amareladas, diclamídeas, pentâmeras, com 5-7 mm de comprimento. Frutos oblongos, obovoides ou elipsoides, variando de amarelo-claros a alaranjados, suculentos, com 2,5-3,5 x 2-2,5 cm quando maduros; endocarpo (‘caroço’) fibroso, com até 5 orifícios nas extremidades, geralmente cada um correspondendo a uma semente.
Distribui-se do México ao norte da Argentina e por quase todo o Brasil, com ocorrência confirmada nos estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Ocorre em várias partes do Cerrado, sendo mais frequente nos remanescentes de florestas caducifólias das bacias dos rios Tocantins e São Francisco. É cultivada comercialmente ou para autoconsumo em várias partes dos Brasil e em diversos países tropicais.
Perde a folhagem na estação seca. Floresce do meado de setembro ao começo de novembro. Apresenta frutos maduros de fevereiro a abril. As flores apresentam indicativos de que são polinizadas pelo vento (entomofilia), mas são bastante frequentadas por insetos com destaque para abelhas. Os frutos são dispersos por morcegos e aves, e predados por insetos e mamíferos.
S. mombin fornece madeira apropriada para confecção de forros de casas, esculturas, brinquedos, utensílios domésticos e urnas funerárias. As folhas possuem metabólitos com propriedades bacterianas. Os frutos são apreciados pelo homem, que os consomem in natura e na forma de suco, doce, geleia e sorvete; e por aves, morcegos, primatas e mamíferos terrestres. As flores fornecem néctar e pólen para abelhas. A casca, as folhas e as raízes são utilizadas na medicina popular contra disfunções intestinais, estomacais, urológicas, renais e proctológicas, entre outras, tanto no Brasil quanto nos países onde ela é cultivada. A espécie é indicada para formação de pomares de fruteiras não convencionais, arborização urbana e recomposição de áreas desmatadas, além poder ser usada como porta-enxerto para outras espécies de Spondias.
Pode ser propagada por sementes e por meio de estacas. Na propagação por sementes utiliza-se endocarpos de frutos recém-colhidos e isentos de polpa, que devem ser enterrados a 3 cm de profundidade, na posição vertical e com a parte apical voltada para cima. A velocidade e a taxa de germinação aumentam quando os endocarpos são previamente imersos em água a 80 ºC durante dois minutos e em seguida embebidos em água por 24 horas; ou então são escarificados com um objeto cortante, o que dependendo da quantidade é mais trabalhoso. Na propagação por estacas, deve-se utilizar segmentos de ramos com 50-150 cm de comprimento e 3-10 cm de diâmetro. Outra alternativa é utilizar estacas de brotações das raízes das plantas adultas. Para obter árvores com menor porte, pode-se fazer enxertia em porta-enxertos da própria cajazeira, de umbuzeiro (Spondias tuberosa), cajá-manga (S. dulcis) ou de ciriguela (S. purpurea).
A cajazeira tem distribuição relativamente ampla no Cerrado, mas atualmente só subsiste em fragmentos florestais sujeitos a incêndios, invasões de gado e cortes de árvores, e como indivíduos isolados em pastagens. Não consta que ela esteja presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
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Indivíduo remanescente de supressão de floresta estacional caducifólia. Monte Alegre de Goiás (GO), 29-09-1992
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Superfície do ritidoma. Taguatinga do Tocantins (TO), 15-11-2017
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Inflorescência. São Domingos (GO), 15-11-2017
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Frutos. Formosa (GO), 11-03-1992