Unonopsis guatterioides (A.D.C) R.E.Fr.

Sinônimo: Unonopsis lindmanii R.E.Fr.

Pindaíba-preta, embira-preta, embireira

Árvore inerme, subcaducifólia ou perenifólia, heliófila, monoica, até 12 m de altura e 40 cm de DAP. Ritidoma pardacento ou amarronzado, com sulcos oblíquos e profundos ou longitudinais e superficiais; casca interna branco-amarelada a rosada, fibrosa. Madeira pardacenta ou marrom-clara, leve. Folhas simples, alternas, predominantemente elípticas, pilosas,  com 6-11 x 4-6 cm. Flores hermafroditas, diclamídeas, pilosas, perfumadas, com pétalas brancas em dois verticilos trímeros.  Frutos constituídos por 2-9 carpídios oblongos ou globosos, indeiscentes, polposos, mono ou polispérmicos, com 8-20 x 7-13 mm e de cor variando de vermelha a preta quando maduros. Sementes discoides, sobrepostas nos carpídios, escuras, rugosas, com 7-11 x 6-10 mm.

Ocorre no Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia e  no Brasil, com presença confirmada nas unidades federativas da região Norte, Centro-Oeste e Sudeste e nos estados do Maranhão e do Paraná. É encontrada em toda a área de abrangência do Cerrado, em florestas ribeirinhas, como um elemento frequente nas zonas abaixo de 700 metros e como um elemento esporádico nas partes de maior altitude.

Perde parte das folhas na estação seca. Floresce e frutifica ao longo do ano, mas normalmente apresenta um pico de floração em novembro e de frutificação em fevereiro. As flores são protogínicas, de antese matutina e polinizadas por abelhas silvestres. As sementes são dispersas por aves e aparentemente por primatas e mamíferos terrestres.

A madeira é utilizada em obras provisórias no meio rural, principalmente como viga, caibro e estaca para cercados; e eventualmente é usada para confeccionar plataformas de tamancos, formas para calçados e obras de entalhe. As folhas são usadas no tratamento disenterias e úlceras estomacais. A casca possui liriodenina, um alcaloide que em testes de laboratório apresentou atividade contra células tumorais. Os frutos entram na dietas de aves e de mamíferos arborícolas e terrestres. A espécie é indicada para recomposição de áreas desmatadas e pode ser empregada em arborização urbana.

As sementes de U. gatterioides possuem dormência morfofisiológica (causada por imaturidade do embrião e presença de substâncias inibidoras de germinação) e por isso demoram para germinar, germinam de maneira desuniforme e apresentam baixas taxas de germinação. Vários estudiosos testaram métodos para superar essa dormência e abreviar e uniformizar a emergência das plântulas e aumentar os índices de germinação. O método que apresentou melhores resultados foi o testado por Socolowski & Cícero (2003), que consistiu em remover o arilo e a sarcotesta das sementes, deixá-las imersas por 48 horas em solução de ácido giberélico nas concentrações de 250 ou 500mg.L-1 e colocá-las para germinar em areia. O desenvolvimento das plântulas em viveiro tem sido referido como lento.

U. guatterioides tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e deve estar presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Conjunto de indivíduos em floresta ribeirinha alterada pelo homem. Abadia dos Dourados (MG), 10-01-2017

Superfície do ritidoma. Abadia dos Dourados (MG), 10-01-2017

Flores, botões florais e folhas adultas. Abadia dos Dourados (MG), 10-01-2017

Frutos maduros e quase maduros. Abadia dos Dourados (MG), 27-08-2016

LITERATURA
BATTILANI , J.L. et al. 2007. Aspectos morfológicos de frutos, sementes e desenvolvimento de plântulas e plantas jovens de Unonopsis lindmanii Fries (Annonaceae). Acta Botanica Brasilia, v.21, n.4, p.897-907.
CARVALHO, R. & WEBBER, A.C. 2000. Biologia floral de Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E. Fr., uma Annonaceae polinizada por Euglossini. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.23, p.419- 423.
LOPES, J.C. & MELLO-SILVA, R. (in memoriam). 2020. Unonopsis in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB110545>. Acesso em: 12 jul. 2021
LORENZI, H. 2009. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas brasileiras. Nova Odessa (SP): Instituto Plantarum, v.3, 1a. ed., p.32.
MAAS, P.J.M. et al. 2001. Annonaceae from Central-Eastern Brazil. Rodriguésia, v.52, n.1, p.61-94.
MAAS, P.J.M. et al. 2007. Revision of the Neotropical genera BocageopsisOnychopetalum and Unonopsis (Annonaceae). Blumea, v.52, n.3, p.413-554.
SILVA, F.M.A. 2011. Estudo fitoquímico e biológico de Unonopsis guatterioides e Unonopsis duckei. Dissertação (mestrado), Universidade Federal do Amazonas, 97 f.
SIQUEIRA, J.M. et al. 1998. Estudo fitoquímico de Uunonopsis lindmanii – Annonaceae, biomonitorado pelo ensaio de toxicidade sobre a Artemia salina leach. Química Nova, v.21, n.5, p.557-559.
Site Protection is enabled by using WP Site Protector from Exattosoft.com