Araticum-do-mato, guanabana
Árvore inerme, caducifólia, semi-ciófila, monoica, até 6 m de altura e 15 cm de DAP; folhas e casca com aroma característico, derivado de óleos voláteis. Ritidoma íntegro ou levemente fissurado; casca interna branco-amarelada, fibrosa. Madeira brancacenta a cinzenta, leve. Folhas simples, alternas, na maioria das vezes elípticas, com 8-15 x 4-7 cm; pilosas e com domácias na face inferior. Inflorescências com 1-3 flores, amarelo-esverdeadas a amarelas, hermafroditas, diclamídeas, pilosas, com 2,5-3,5 cm de comprimento e dois anéis trímeros de pétalas carnosas. Frutos ovados, com carpídios pontiagudos ou não, amarelados na maturação, medindo 12-18 x 8-15 cm e pesando até 1 kg. Sementes obovadas, marrons, duras, com 10-15 x 9-11 mm, imersas em uma polpa amarelada, mole, aromática.
Distribui-se da América Central, passando pelo norte da América do Sul e irradiando-se pelas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, chegando ao Paraná. Ocorre de forma esporádica no Cerrado, em florestas estacionais subcaducifólias e caducifolias e em florestas ribeirinhas vinculadas a terrenos bem drenados.
Perde as folhas na estação seca. Tem sido colecionada com flores entre setembro a novembro, mas vem sendo registrada com frutos bem desenvolvidos ou maduros entre julho e dezembro, indicando que floresce em outros períodos do ano. As flores são protogínicas, de antese noturna e polinizadas por besouros. As sementes são dispersas por mamíferos que se alimentam dos frutos.
A madeira, de pequenas dimensões e baixa resistência, praticamente não tem serventia. Os frutos são apreciados pelo homem, que os consome in natura e às vezes os usam para fazer suco, geleia, sorvete e licor. Além disso, entram na dieta de diversas espécies da fauna silvestre. As folhas são utilizadas na medicina popular, como anti-disentérico e diurético e, segundo Wang et al. (2002), possuem uma acetogenina com propriedades anti-cancerígenas. A espécie é indicada para recomposição de áreas desmatadas e para formação de pomares de fruteiras não convencionais, o que já vem ocorrendo em várias partes da sua área de ocorrência natural e em diversos outros países tropicais.
As sementes apresentam dormência e por esta razão demoram para germinar, além de apresentarem baixas taxas de germinação. Vários trabalhos experimentais foram realizados com o intuito de encontrar maneiras de contornar esses empecilhos, com resultados ainda não plenamente satisfatórios. É possível que a dormência seja causada por presença de embrião imaturo e de substâncias que inibem ou impedem o processo de germinação, como constatado em sementes de Annona coriacea e A. crassifolia. É provável que os tratamentos que deram bons resultados em sementes dessas espécies sejam a solução para aumentar a velocidade e os índices de germinação das sementes desta outra anonácea. O desenvolvimento das plântulas em viveiro e dos indivíduos juvenis têm sido referido na literatura como moderado.
A. montana tem ampla dispersão no Cerrado, mas é esporádica nos seus habitats e ocorre tanto em ambientes preferenciais para atividades agropastoris quanto em áreas de preservação permanente (florestas ribeiras). O seu plantio em pomares poderá ajudar na sua preservação e na conservação da sua diversidade genética.
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Botão floral e folhas. Arinos (MG), 21-10-2006
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Fruto imaturo. Ouro Verde (GO), 02-09-2005
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Fruto quase maduro. Nerópolis (GO), s.d.