Cardiopetalum calophyllum Schltdl.

Embira-branca

Árvore inerme, perenifólia, heliófila a semi-ciófila, dioica, com até 8 m de altura e 20 cm de DAP; folhas, casca e frutos verdes com aroma característico, derivado de óleos voláteis. Ritidoma cinzento, íntegro ou superficialmente sulcado e descamante; casca interna branco-rosada, fibrosa. Madeira brancacenta a amarelo-clara, leve. Folhas simples, alternas, ovadas a elípticas, glabras,  com 6-13 x 3-5 cm. Flores hermafroditas, diclamídeas, pilosas, com dois anéis trímeros de pétalas amarelo-claras, carnosas. Frutos  formados por vários carpídios livres, alongados, polispermos, amarelos, deiscentes e com 2-6 x 1-2 cm na maturação. Sementes subglobosas, escuras, duras, com 5-7 x 2,5-4 mm, recobertas por uma tênue camada de arilo e circundada por uma listra branca.

Ocorre na Bolívia e no Brasil, nas unidades federativas das regiões Norte e Centro-Oeste, em alguns estados da região Nordeste e em Minas Gerais e São Paulo. É encontrada em quase toda a área de abrangência do Cerrado, em cerrados densos, cerradões, florestas estacionais subcaducifólias e perenifólias e florestas ribeirinhas situadas em terrenos bem drenados.

Floresce entre outubro e dezembro e apresenta frutos maduros entre fevereiro e abril. As flores são protogínicas, de antese diurna e polinizadas por besouros. As sementes são dispersas por pássaros e provavelmente por primatas.

A madeira é utilizada como caibros para ranchos, para confeccionar cabos de enxada e como lenha. A entrecasca , fibrosa,é usada como amarrilho. Os frutos e as sementes entram na dieta de primatas e de diversas espécies de aves. A espécie é indicada para arborização urbana, para plantios mistos destinados a recompor áreas desmatadas e para enriquecimento de florestas monoespecíficas, por ser útil à fauna e se desenvolver e frutificar em ambientes parcialmente sombreados.

As sementes apresentam dormência e por esta razão demoram para germinar, além de apresentarem baixas taxas de germinação. A prática tem indicado que quando escarificadas com material abrasivo ou imensas em solução de ácido sulfúrico, a taxa de germinação se torna mais alta e o tempo para emergência das plântulas passa a ser menor, ocorrendo em 2-3 meses após a semeadura. A plântulas têm sido classificada como crescimento moderado a rápido.

C. calophyllum tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Porém, predomina em áreas preferenciais para o exercício de atividades agropastoris, disponíveis para desmatamentos e sujeitas a incêndios e invasões de gado.

Indivíduo em cerradão convertido em pastagem. Coromandel (MG), 07-02-2014

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Coromandel (MG), 07-02-2014

Flores e botão floral. Coromandel (MG), 07-11-2014

Frutos maduros, com um carpídio expondo as sementes. Coromandel (MG), 22-03-2014

 

LITERATURA
GOTTSBERGER, G. 1994. As anonáceas do cerrado e a sua polinização. Revista Brasileira de Biologia, v.54, n.1, p.391-402.
JONHSON, D.M. & MURRAY, N.A. 1995. Synopsis of the Tribe Bocageeae (Annonaceae), with revisions of Cardiopetalum, Froesiodendron, Trigynaea, Bocagea, and HornschuchiaBrittonia, v.47, n.3, p.248-319.
MAAS, P.J.M. et al. 2001. Annonaceae from Central-eastern Brazil. Rodriguésia, v.52, n.1, p.61-94.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.32-33.
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