Xylopia aromatica (Lam.) Mart.

Pindaíba, embira, embireira, pimenta-de-macaco

Árvores inermes, perenifólias ou subcaducifolias, heliófilas, monoicas,com  até 8 m de altura e 20 cm de DAP; folhas, casca e frutos com odor característico, derivado de óleos voláteis. Ritidoma cinzento, pardacento ou acastanhado, muito dividido e descamante; casca interna branco-amarelada, muito fibrosa.  Madeira leve a moderadamente pesada, marrom-clara. Folhas simples, alternas, ovadas, pilosas, com 6-12 x 3-5 cm. Flores isoladas ou em fascículos paucifloros, perfumadas, diclamídeas,  com pétalas brancas, carnosas, dispostas em dois verticilos e lembrando uma estrela de seis pontas quando vistas de cima. Frutos formados por um ou vários carpídios polispermos, deiscentes, com 2,5-5 x 1-2 cm e com o interior vermelho  quando maduros. Sementes obovadas a elipsoides, escuras, duras, de 5-8 mm de comprimento, com arilo na base e sarcotesta brancacenta revestindo o tegumento.

Distribui-se da Venezuela e Suriname até o estado do Paraná, dispersando-se por todas as unidades federativas das regiões Norte e Centro-Oeste e por uma parte dos estados das regiões Sudeste e Nordeste. Ocorre em toda a área de abrangência do Cerrado, em cerrados densos, cerradões, florestas perenifólias, florestas subcaducifólias e margens de florestas ribeirinhas, principalmente em locais perturbados.

Reproduz em várias épocas do ano, com a maioria dos indivíduos florescendo entre julho e janeiro e apresentando frutos maduros entre fevereiro e junho e de agosto a novembro. As flores são protogínicas e polinizadas por tripes e besouros. As sementes são dispersas por pássaros.

A madeira é eventualmente utilizada em construção de cercados, como lenha  e em confecção de caixotes, cabos de ferramentas, plataformas de tamanco e formas para calçados. A entrecasca é usada como amarrilho. As folhas são empregadas na fitoterapia popular, como diurético e anti-inflamatório. Estas e a casca interna, contêm um óleo essencial que apresenta atividade bactericida e fungicida. Os frutos, ricos nesse tipo de óleo e em piperina, são usados como vermífugo, febrífugo, tonificante e contra flatulência e hemorroidas. Porém, o uso mais frequente dos frutos é como sucedâneo da pimenta-do-reino, por possuírem sabor e aroma idênticos aos dessa especiaria de origem asiática. Na natureza os frutos são consumidos por primatas e as sementes são apanhadas por diversas espécies de aves, por causa do arilo.

As sementes de X. aromatica possuem dormência morfofisiológica (causada por imaturidade do embrião e presença de substâncias inibidoras de germinação) e por isso demoram para germinar e apresentam baixas taxas de germinação. Vários estudiosos testaram métodos para superar essa dormência. O método que apresentou melhores resultados foi o testado por Socolowski & Cícero (2003), que consistiu em remover o arilo e a sarcotesta das sementes, deixá-las imersas por 48 horas em solução de ácido giberélico nas concentrações de 250 ou 500mg.L-1 e depois colocá-las para germinar em areia. O desenvolvimento das plântulas tem sido referido como lento a moderado.

X. aromatica apresenta ampla dispersão no Cerrado, possui populações em muitas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma e se por um lado habita ambientes preferencias para atividades agropastoris, por outro lado é uma espécie que prolifera em áreas alteradas.

Árvore em cerrado convertido em pastagem. Lagoa Grande (MG), 29-08-2016

Superfície do ritidoma. Lagoa Grande (MG), 29-08-2016

Flores, botões florais e folhas. Uberlândia (MG), 05-11-2018

Frutos maduros expondo as sementes. Uberlândia (MG), 05-11-2018

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