Árvore inerme, perenifólia, heliófila, dioica, emergente, de até 25 m de altura e 30 cm de DAP. Tronco reto, cônico, com ramificação tipicamente monopodial, ascendente, e frequentemente com pequenas sapopemas e raízes adventícias próximo à base. Folhas, casca e frutos com odor característico, derivado de óleos voláteis. Ritidoma cinzento, pardacento ou acastanhado, íntegro ou superficialmente dividido e descamante; casca interna amarela, muito fibrosa. Madeira marrom, leve. Folhas simples, alternas, oblongas ou elípticas, com ápice emarginado e 2,5-4 x 1,5-2 cm. Flores isoladas ou em fascículos paucifloros, diclamídeas, perfumadas, com pétalas amarelas, dispostas em dois verticilos trímeros. Frutos formados por um ou vários carpídios polispermos, deiscentes, com a parte interna vermelha e com 1,5-3 x 1-2 cm quando maduros. Sementes obovoides a elipsoides, escuras, duras, com 5-7 mm de comprimento, com arilo na base e sarcotesta branca revestindo o tegumento.
Distribui-se da Venezuela até Minas Gerais e São Paulo, passando por todas as unidades federativas das regiões Norte e Centro-Oeste e chegando a alguns estados da região Nordeste. Ocorre em toda a área de domínio do Cerrado, exclusivamente em florestas associadas a terrenos encharcados, onde muitas vezes forma agrupamentos bastante expressivos, denominados pindaibal.
Floresce entre novembro e janeiro, e apresenta frutos maduros entre junho e agosto. As flores são protogínicas e polinizadas por tripes e besouros. As sementes são dispersas por pássaros.
A madeira foi muito utilizada em construção de habitações rústicas e de cercados, como escora em construção edifícios e em confecção de cabos de ferramentas, caixotes, formas para calçados, plataformas de tamanco e cepas para escovão. A entrecasca foi usada como amarrilho. Os frutos maduros são apreciados por primatas e eventualmente são usados pelo homem como sucedâneo da pimenta-do-reino. As sementes são consumidas por várias espécies de aves. As folhas e os frutos possuem alcaloides, flavonoides e terpenos com propriedades medicinais e biocidas. A espécie é apropriada para recomposição de áreas desmatadas em terrenos encharcados e arborização de margens de lagos.
As sementes de X. emarginata possuem dormência morfofisiológica (causada por imaturidade do embrião e presença de substâncias inibidoras de germinação) e por isso demoram para germinar e apresentam baixas taxas de germinação. Alguns estudiosos testaram métodos para superar essa dormência, sem chegar a resultados expressivos. É provável que o método adotado por Socolowski & Cícero (2003) para acelerar e aumentar a germinabilidade das sementes de X. aromatica, também abordada neste blog, possa ser a solução para a superação da dormência das suas sementes. As plântulas da pindaíba-do-brejo têm sido referidas como de crescimento lento e os indivíduos juvenis como de crescimento moderado quando plantados no habitat preferencial da espécie.
X. emarginata apresenta ampla dispersão no Cerrado, possui populações em muitas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma e é exclusiva de áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas).
Árvores no habitat natural. Campo Florido (MG), 12-06-2016
Tronco com raízes adventícias próximo à base. Uberlândia (MG), 05-06-2016
Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Coromandel (MG), 12-04-2014
Flores femininas, botões florais e folhas. Coromandel (MG), 07-01-2014
Frutos com carpídios imaturos. Uberlândia (MG), 19-06-2016
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Xylopia emarginata Mart. was last modified: abril 5th, 2023 por Benedito Alísio da Silva Pereira