Árvore inerme, perenifólia a caducifólia, heliófila, dioica, resinífera, até 18 m de altura e 50 cm de DAP; resina esbranquiçada. Ritidoma pardacento ou cinzento, estreitamente sulcado e descamante; Casca viva rosada. Madeira leve a moderadamente pesada, de cor pardacenta. Ramos ferrugíneo-pilosos no ápice. Folhas alternas, imparipinadas, pubescentes, com 5-13 folíolos (sub)opostos, de 7-15 x 4-7 cm. Inflorescências paniculadas, pubescentes ou glabras, com 10-20 cm de comprimento, as das árvores masculinas maiores que as das femininas. Flores amarelo-esverdeadas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, com 3-5 mm de comprimento e diâmetro. Frutos elípticos a globosos, monospermos; roxo-escuros, suculentos e com 8-12 mm de comprimento quando maduros. Sementes elipsoides, com 4-7 mm de comprimento.
Ocorre na Argentina, Paraguai, Bolívia e Brasil, nas unidades federativas das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e em parte dos estados da região Nordeste. É encontrada em todas as partes do Cerrado, em florestas estacionais não caducifólias, florestas ribeirinhas em solos bem drenados e cerradões.
Perde uma parte das folhas no início da estação seca, mas as repõe num prazo 2-3 meses. A maior parte dos indivíduos floresce entre agosto e outubro e apresenta frutos maduros de dezembro a fevereiro. As flores são frequentadas por himenópteros, dípteros e lepidópteros e, por serem muitos similares às T. guianensis, devem ser polinizadas por pequenas abelhas sociais. Os frutos são dispersos por pombas e algumas outras aves.
Fornece madeira de baixo valor comercial, mas utilizada com frequência como lenha e em obras de caráter provisório em fazendas e, eventualmente, para confeccionar caixotes, molduras, esculturas, brinquedos, móveis etc. O troncos costumam ser perfurados por primatas que se alimentam das bolotas de goma que se formam após a exsudação da seiva. As folhas e a casca do tronco tem os mesmos usos citados para T. guianensis, com os mesmos riscos à saúde de quem as utilizam. As flores masculinas fornecem néctar e pólen ao seus visitantes e femininas apenas néctar. Os frutos entram na dieta de pombas e outras aves. A espécie possui grande potencial para uso em arborização urbana e é uma das mais indicadas e apropriadas para recomposição de áreas desmatadas.
Possui sementes idênticas às de T. guianensis, que por esta razão, devem ser postas para germinar logo após a colheita dos frutos e a completa limpeza do endocarpo. É previsto que realizado-se a semeadura em recipientes com substrato organo-argiloso, mantidos em ambiente parcialmente sombreado, a emergência das plântulas ocorra num prazo de 10-20 dias e a taxa de germinação se situe na faixa de 70-90%.
Tapirira obtusa tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Mas ocorre também em propriedades particulares, em terrenos de alta aptidão para atividades agropastoris, o que coloca uma parte das suas populações sob risco de serem eliminadas.
Distinção entre as espécies
T. obtusa pode ser distinguida de T. guianensis, abordada no post anterior deste trabalho, pelos seguintes detalhes: 1) predomina em formações florestais vinculadas a solos bem drenados e de média a alta fertilidade, 2) apresenta indumento ferrugíneos no ápice dos ramos, nas inflorescências e eventualmente na face abaxial dos folíolos; e 3) possui folíolos com aréolas na face inferior, formadas pelas nervuras terciárias e quaternárias.
Indivíduo com folhagem nova, em um fragmento de floresta estacional subcaducifólia. Uberlândia (MG), 15-11-2016
Ritidoma de indivíduo de grande porte, em floresta ribeirinha; Uberlândia (MG), 18-09-2020
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Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. was last modified: abril 29th, 2023 por Benedito Alísio da Silva Pereira