Sinônimo: Rollinia emarginata Schltdl., Annona neosalicifolia H.Rainer, A. rugulosa (Schltdl.) H.Rainer
Araticunzinho, araticum-mirim, maçaroca
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, até 10 m de altura e 25 cm de DAP; folhas e casca com aroma característico, derivado de óleos voláteis. Casca externa cinzenta a pardacenta, íntegra ou levemente fissurada; casca interna branco-rosada, fibrosa. Madeira brancacenta, leve. Folhas simples, alternas, glabras ou pubescentes, com 5-8 x 3-4 cm. Inflorescências com 1-3 flores hermafroditas, amarelas ou bege na antese, com dois anéis de pétalas, sendo as externas carnosas e formando uma estrutura que lembra uma hélice de três pás. Frutos ovados a globosos, com carpídios pouco salientes; amarelos na maturação, medindo 2,5-3,5 cm de comprimento e diâmetro, formado por carpídios concrescidos. Sementes subglobosas, escuras, duras, com ± 8 x 6 mm, imersas em uma polpa amarelada e adocicada.
É nativa no Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru e no Brasil, aonde é encontrada do Rio Grande do Sul até a Bahia, Goiás e Mato Grosso. Ocorre em várias partes do Cerrado, mas é pouco frequente e se restringe às florestas estacionais subcaducifólias e florestas ribeirinhas. É cultivada em quintais de fazendas e às vezes surge espontaneamente em áreas florestais alteradas.
Perde parte da folhagem na estação seca, por um curto período; floresce de setembro a novembro; e apresenta frutos maduros de janeiro a março. As flores são frequentadas por abelhas silvestres e besouros, sendo estes os seus mais prováveis polinizadores. As sementes são dispersas por aves e mamíferos arborícolas e terrestres.
Fornece madeira de baixa densidade e suscetível ao ataque de insetos, porém serve para confeccionar objetos como caixotes, molduras e utensílios domésticos. Os frutos têm sabor agradável e são apreciados pelo homem e por vários membros da fauna silvestre. A casca do tronco e as folhas são usadas na fitoterapia popular, como cicatrizante de feridas e contra disenteria. Nieto (1986), Février (1999) e Colom et al. (2007) extraíram diversos alcaloides dessa casca, alguns com propriedades inseticida, herbicida e protozoaricida e outros com potenciais efeitos anti-tumorais. A espécie é indicada para formação de pomares de fruteiras não convencionais, vem sendo usada como porta-enxerto para espécies comerciais de anonáceas e deve ser tida como prioritária em ações de recomposição de áreas desmatadas.
Pode ser multiplicada por meio de sementes e de brotos que surgem de raízes superficiais. Para a multiplicação por sementes, sugere-se a adoção dos procedimentos preconizados para Annona coriacea e A. crassiflora. Mesmo quando originários de sementes, os espécimes de maçaroca costumam iniciar a frutificação por volta dos 4 anos de idade.
A. emarginata tem ampla dispersão no Cerrado, mas é pouco frequente e ocorre tanto em áreas preferenciais para atividades agropastoris quanto em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas). O hábito de cultivá-la em quintais é uma iniciativa que pode ajudar na conservação da sua diversidade genética.