Faveira, faveira-d’anta, fava-d’anta, favela
Em construção
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Indivíduo inclinado, em cerrado alterado pelo homem. Posse (GO), 13-11-2017
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Superfície do ritidoma de um indivíduo no habitat natural. Correntina (BA), 12 -11-2017
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Inflorescência. Posse (GO), 13-11-2017
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Frutos maduros, colhidos no chão. Posse (GO), 12-09-2019
LITERATURA
RIBEIRO-SILVA, S.R. 2007. Ecologia de população e aspectos etnobotânicos de Dimorphandra gardneriana na região da Chapada do Araripe, CE. Tese (doutorado), Universidade de Brasília, 105 p.
SILVA, M.F. 1986. Dimorphandra (Caesalpiniaceae). Flora Neotropica Monograph, v. 44, p.1-128.
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, heliófila, monoica, até 6 m de altura 15 cm de DAP. Casca externa cinzenta a pardacenta, muito fragmentada e esfoliante; casca interna amarelo-clara a bege. Madeira leve a moderadamente pesada; cerne marrom-claro. Folhas bipinadas, glabras a pubescentes; raque lenticelada, com 20-35 cm de comprimento e até 10 pares de pínulas; ráquila com 7-12 cm de comprimento e 12-16 pares de folíolos sésseis ou curto-peciolulados, com 20-30 x 10-18 mm. Inflorescência amarela, larga, glabra a pubescente, com 15-20 cm de comprimento, formada por espigas de 5-6 cm de comprimento com flores perfunadas, de 4-6 mm de comprimento. Frutos compressos, secos, indeiscentes, polispermos, negros e rijos quando maduros, com 8-15 x 3,5-4 cm, . Sementes marrons, reniformes ou oblongas, duras, com 10-12 x 4-5mm.
Ocorre no leste da Bolívia e no Brasil, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pernambuco. É um elemento típico de cerrados de média a alta densidade, associados a solos derivados de arenitos.
Apresenta-se desfolhada durante alguns meses da estação seca. Floresce entre outubro e dezembro e apresenta frutos maduros entre junho e agosto. As flores são frequentadas por lepidópteros e himenópteros, com destaque para abelhas e vespas. As sementes parecem ser dispersas pelos animais terrestres que se alimentam dos frutos.
A madeira é usada em obras de pequeno porte no meio rural, em confecção de móveis simples e como lenha. A casca possui alto teor de tanino, sendo usada no curtimento artesanal de couros e na medicina popular, como adstringente, cicatrizante e anti-ulcerativo. As flores são consideradas boa fonte de néctar e pólen para abelhas. Os frutos entram na dieta de psitacídeos, roedores, anta, veado-campeiro, caititu etc. Por serem ricos em rutina, entram também na composição de cosméticos e remédios para fortalecer os vasos sanguíneos. A espécie é indicada para arborização urbana, recomposição de áreas alteradas em cerrados e plantios destinos ao atendimento das indústrias que utilizam esse flavonoide.
Estudos experimentais levaram à constatação de que os frutos de D. gardneriana são tóxicos para bovinos, causando anorexia, disfunções digestivas, aborto e outros distúrbios.
As sementes apresentam dormência tegumentar e para germinarem rápido e de modo uniforme precisam ser escarificadas mecanicamente ou mediante imersão em água fervente por alguns segundos. Quando novas e escarificadas as sementes germinam num prazo de 10-30 dias e apresentam até 70% de germinação. Em alguns locais as árvores são atacadas por um fitoplasma que amarelece e reduz o tamanho das folhas e afeta o desenvolvimento das plantas.
D. gardneriana possui ampla dispersão Cerrado, ocorre em solos pouco propícios para atividades agropastoris e conta com populações em uma unidade de conservação de proteção integral nessa bioma, mas produz frutos que são objeto de extrativismo em larga escala, muitas vezes de forma predatória.
Literatura: Cintra (2004), Cunha et al. (2009), Duarte e Prazeres (1997), Lima (2012), Lorenzi (2009), Montano et al. (2007), Rizzini (1976), Santos et al. (1977), Silva (1986).