Sinônimos: Hymenaea courbaril L. var. courbaril, H. courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Y.T.Lee & Langenh., H. courbaril var. subsessilis Ducke, H. courbaril var. vilosa Y.T.Lee & Langenh. e Hymenaea stilbocarpa Hayne
Jatobá, jatobá-da-mata, jataí, jutaí
Árvore inerme caducifólia, heliófila,monoica,resinífera, até 30 m de altura e 90 cm de DAP. Tronco geralmente reto, longo e levemente cônico; muitas vezes com resina solidificada na superfície. Casca espessa; ritidoma cinzento, íntegro ou localizadamente fragmentado e descamante, frequentemente com rugas transversais; casca interna vermelho-vinácea. Madeira pesada; cerne castanho ou marrom. Râmulos cinzentos a castanho-claros, glabros, lenticelados. Folhas alternas, bifolioladas, glabras; raque de 1,5-3 cm de comprimento; folíolos curto-peciolulados, falcados a ovado-oblongos, cartáceos a coriáceos, de margem inteira, com 3-12 x 1.5-6 cm e com pontuações translúcidas contendo resina. Inflorescência corimbiforme, terminal, articulada, glabra a pubescente, com 6-10 flores e 7-12 cm de comprimento. Flores diclamídeas, pentâmeras, zigomorfas, andróginas, perfumadas, curto-pediceladas, glabras ou pubérulas, de 2-3 x 1,2-1,6 cm; cálice com 3 sépalas livres e 2 concrescidas; corola dialipétala, branca. Fruto seco, indeiscente, assimétrico, roliço ou achatado, com 4-8 x 8-16 cm e 4-8 sementes; epicarpo marrom ou negro, verruculoso ou liso, às vezes com aglomerados de resina solidificada; mesocarpo lenhoso; e endocarpo pulverulento, amarelado, de odor pronunciado, envolvendo as sementes. Sementes orbiculares, ovoides ou elipsoides, marrons, lisas, duras, de 2-3 x 1,5-2,5 cm.
Segundo Lee & Langenheim (1975), essa espécie distribui-se do sudoeste do México, passando por parte da América Central, até o leste do Paraguai e o norte, nordeste, centro-oeste e sudeste Brasil, e o estado do Paraná. Por ser muito polimórfica, esses autores reconheceram seis variedades nessa fabácea, três das quais com ocorrência comprovada no Cerrado e mencionadas no título deste post. Os habitats preferenciais destas variedades nesse bioma são as florestas estacionais subcaducifólias e caducifólias e as florestas ribeirinhas vinculadas a solos bem drenados de média a alta fertilidade.
As árvores dessas variedades de H. courbaril apresentam-se desfolhadas entre maio e agosto; florescem de setembro a novembro, com folhas já bem desenvolvidas; e apresenta frutos maduros entre agosto e outubro. As flores são de antese noturna e polinizadas por morcegos, e aparentemente também por mariposas. Durante o dia ocorrem visitas de beija-flores e de abelhas, entre outros insetos. As sementes são predadas por coleópteros e mamíferos terrestres. As plântulas na fase cotiledonar também são predadas por esses animais. Existem indícios de que esses predadores são dispersores eventuais das sementes.
A madeira é de alta qualidade e de múltiplas aplicações, sendo usada em obras internas e externas na construção civil e em confecção de móveis, objetos decorativos, instrumentos musicais, tonéis, carrocerias, rodas d’água, moendas de engenho de moer cana etc. O tronco emana uma seiva vermelha ou amarelada, que, na região amazônica, é usada como fortificante, afrodisíaco e contra doenças pulmonares, na forma de xarope. A casa do tronco é usada na fitoterapia popular, como fortificante, cicatrizante, antigripal, antitérmico e vermífugo. As flores são fonte de néctar para morcegos, beija-flores e insetos. A polpa pulverulenta dos frutos é apreciada por vários membros da fauna silvestre (cutia, paca, anta, porco-do-mato, veado-mateiro etc.) e por muitas pessoas, que a consomem in natura e sob a forma de mingau, bolo e biscoito. A casca dos frutos e as sementes são utilizadas em confecção de artesanatos. A resina do tronco e dos frutos teve largo emprego na indústria de vernizes, mas hoje é mais utilizada como cicatrizante de feridas e no tratamento de laringite, faringite, reumatismo, afecções urinárias e fraturas ósseas, na forma de cataplasma. A espécie deve estar sempre presente em projetos de arborização de grandes espaços no meio urbano e no rural, de recomposição de áreas desmatadas, de implantação de sistemas agroflorestais e de plantios para obtenção de madeira, frutos e resina.
Na formação de mudas de H. courbaril, deve-se utilizar sementes completamente livres da polpa que as envolvem e que sejam novas ou que tenham sido conservadas em embalagens herméticas por no máximo 4 meses. Para a germinação seja rápida e uniforme, é conveniente escarificar as sementes, friccionando-as em um abrasivo de textura fina (p. ex., lixa d’água 220). A semeadura deve ser realizada em recipientes de no mínimo 25 x 15 cm, contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco curtido na proporção de 1:1. Os recipientes devem ser mantidos em ambiente com cerca de 50% de sombreamento, até que as plântulas atinjam uma altura de 10-15 cm; depois, deve-se reduzir gradativamente o sombreamento do ambiente para 20% a 30%.
H. courbaril predomina em florestas já bastante fragmentadas pela prática de atividades agropastoris e é objeto de corte para aproveitamento da madeira, mas possui ampla dispersão no Cerrado, ocorre também em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em muitas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Além disso, por formar árvores soberbas e produtoras de frutos, recebe proteção de muitos fazendeiros.
Comentário: Boniface et al.( 2017) referiram-se a Hymenaea como um grupo de plantas no qual já foram identificadas mais de uma centena de compostos orgânicos, incluindo ácidos graxos, flavonoides, terpenoides, esteroides, ácidos fenólicos, fitailidas, procianidinas e cumarinas. Segundo esses autores, os estudos já realizados indicam que extratos da casca de algumas espécies desse gênero são efetivos contra desordens respiratórias, asma, diarreia e algumas infecções microbianas, mas que ainda falta informação sobre os mecanismos de ação e os níveis de segurança dos compostos existentes nesses extratos.
Chave para distinção das espécies de Hymenaea com ocorrência confirmada no Cerrado: (Em construção)
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Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia alterada por ações antrópicas. Campos Belos (GO), 06-05-1994
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Superfície do ritidoma de um indivíduo de tamanho mediano. Coromandel (MG), 21-12-2014
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Flores e botões florais. Coromandel (MG), 08-11-2013
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Frutos maduros. Nova Roma (GO), 02-08-1994