Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth.

Pau-roxo, pau-roxinho, falso-jatobá

Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, com até 12 m de altura e 30 cm de DAP. Casca espessa; ritidoma muito dividido e descamante, de cor cinzenta na superfície e castanha na porção interna, formado por  camadas de súber regularmente justapostas e visíveis à olho nu; casca interna rosada, circundada por epiderme esverdeada. Madeira pesada, com cerne roxo ou castanho, uniforme ou com listras escuras. Folhas alternas, bifolioladas, glabras; pecíolo e raque totalizando 3-6 cm de comprimento; folíolos curto-peciolulados, assimétricos, glabros, com 3-6 x 6-12 cm. Inflorescências terminais, paniculiformes, vistosas, pilosas, com 15-20 cm de comprimento; flores diclamídeas, ligeiramente zigomorfas, andróginas, pilosas, com cálice tetrâmero e corola pentâmera, branco-amarelada ou creme, com 6-8 mm de comprimento. Frutos compressos, bivalvares, subtriangulares, semilenhosos, deiscentes, monospermos, marrom-claros na maturação, com 2,5-3 x 4-5 cm. Sementes marrons a castanhas, achatadas, suborbiculares, duras, de 12-14 mm de diâmetro.

Ocorre na Bolívia e no Brasil, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí. É encontrada em cerrados densos, cerradões e margens de florestas ribeirinhas associados a solos distróficos ou mesotróficos. Está sendo pouco encontrada no Cerrado, na atualidade, devido principalmente à intensificação dos desmatamentos.

Perde as folhas no meado da estação seca e emite folhas novas no final dessa estação. Floresce entre novembro e fevereiro e apresenta frutos maduros entre agosto e outubro.As flores, conforme observações de campo realizadas em Uberlândia (MG), abrem-se no início da noite e provavelmente são polinizadas por morcegos e/ou mariposas de hábito noturno, apesar de durante o dia serem frequentadas por abelhas, vespas, mamangavas e beija-flores. As sementes caem sob a planta-mãe ou a redor dela, levadas pelo vento ainda presas em uma das valvas do fruto.

A madeira de P. confertiflora é valiosa, pelo fato de servir para obras internas e externas e principalmente para confecção de móveis de luxo, instrumentos musicais, objetos decorativos e imitações de jóias, devido à sua coloração e facilidade para ser trabalhada. As flores oferecem néctar e pólen aos seus visitantes. A espécie é indicada para arborização urbana, recomposição de cerrados e cerradões e plantios para produção de madeira de múltiplos empregos e alto valor comercial.

Esta fabácea é propagada por sementes, que são pouco permeáveis à umidade e, para germinarem mais rápido e de maneira uniforme, precisam ser submetidas a tratamentos para  superação de dormência tegumentar, que podem ser um dos seguintes: 1) imersão em água por 24 a 48 horas; 2) fervura em água por cerca de 2 minutos; ou 3) escarificação do tegumento, na parte oposta ao embrião, com um abrasivo de textura fina (p. ex., lixa d’água 220). A semeadura deve ser realizada imediatamente após o tratamento, em recipientes de 25 x 15 cm contendo terra argilo-arenosa misturada com matéria orgânica decomposta na proporção de 1:1. As plântulas devem mantidas em ambiente parcialmente sombreado, até atingirem em torno de 10 cm de altura. Para o plantio deve-se utilizar mudas com no mínimo 20 cm de altura e preferir áreas ensolaradas que possuam solos argilo-arenosos e profundos.

P. confertiflora tem ampla dispersão no Cerrado, mas predomina em áreas favoráveis para atividades agropastoris, é objeto de corte para uso da madeira e aparentemente está pouco representada em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.

Comentário: P. confertiflora possui folhas e flores parecidas com as das espécies de Hymenaea (jatobá), podendo ser com elas confundida no período vegetativo ou na época da floração. No entanto, pode ser distinguida dessas espécies pelas características do ritidoma, dos frutos e das sementes, descritas na parte inicial deste texto.

Indivíduo (o do centro da foto) em cerradão. Parque Municipal Victório Siquierolli, Uberlândia (MG), 18-02-2016

Superfície do ritidoma. Parque Municipal Victório Siquierolli, Uberlândia (MG), 18-02-2016

Inflorescência e folhas. Parque Municipal Victório Siquierolli, Uberlândia (MG), 18-02-2016

Frutos maduros, com as sementes penduradas pelo funículo. Prata (MG), 13-08-2013

Sementes (referência: moeda de R$0,50); Distrito de Martinésia, Uberlândia (MG), 09 09 2021

LITERATURA
LORENZI, H. 1998. Arvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas brasileiras. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v,2. 1a ed., p.151.
Peltogyne in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83557>. Acesso em: 17 set. 2021.
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo. Informações sobre madeiras: pau-roxo. Disponível em: http://www.ipt.br/informacoes_madeiras/49-roxinho.htm, acesso em: 24 dez. 2021.
RIZZINI, C.T. 1971. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgard Blücher, 296 p.
SILVA, M.F. 1976. Revisão taxonômica do gênero Peltogyne Vog. (Leguminosae – Caesalpinioideae). Acta Amazonica, v.6, n.1, (supl.), p.1-161.

 

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