Sinônimo: Cassia macranthera DC. ex. Collad
Fedegoso, fedegosão, aleluia, manduirana
Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, heliófila, pioneira, monóicas, até 12 m de altura e 20 cm de DAP. Casca estreita; ritidoma cinzento, íntegro ou levemente dividido e descamante; casca interna branco-amarelada. Madeira leve; cerne pardo-amarelado a marrom. Folhas pilosas, alternas, paripinadas, com 2 pares de folíolos, o par basal com um nectário extrafloral; pecíolo e raque totalizando 4-6cm de comprimento; folíolos opostos, curto-peciolulados, com lâmina cartácea, geralmente elíptica, de 5-10 x 2,5-4cm. Inflorescência terminal, grande, vistosa, formada por racemos de 6-8 flores, Flores diclamídeas, pentâmeras, andróginas, amarelas, perfumadas, grandes; pedicelo de 3-4 cm de comprimento; corola dialipétala, zigomorfa; androceu formado por 2 estames grandes, 5 médios e 3 atrofiados. Fruto cilíndrico, sublenhoso, geralmente reto, septado, polispermo, com 7-20 x 1-1,5cm, negro na maturação, tardiamente deiscente; septos com polpa fétida. Sementes marrons, obovoides, duras, de 5-7 x 3,5-5mm.
Segundo Irwin & Barneby (1982), S. macranthera compreende oito variedades, que se distribuem do Uruguai até o norte da América do Sul, com a maioria ocorrendo em quase todos os estados brasileiros. A variedade nervosa, abordada neste trabalho, ocorre nas unidades federativas das regiões Sudeste e Centro-Oeste e nos estado do Tocantins e da Bahia, onde é encontrada em florestas estacionais perenifólias e subcaducifólias e em florestas ribeirinhas. É vista sob cultivo em muitas cidades, chácaras e fazendas da sua área de distribuição.
Perde uma significativa parte da folhagem na estação seca, floresce entre dezembro e março e apresenta frutos maduros entre maio e agosto. As flores são freqüentadas por himenópteros e lepidópteros; Pinheiro & Sazima (2007) observaram que o seu principal polinizador em uma localidade da Mata Atlântica foi a mamangava Xylocopa frontalis, que as visitavam em busca de pólen. Os frutos caem quando maduros, mas os dispersores das sementes ainda não são conhecidos.
A madeira de S. macranthera var. nervosa é empregada em construções rústicas, de caráter provisório e em confecção de caixotes, brinquedos, coronha de espingarda e esculturas. As flores são uma importante fonte de pólen para mamangavas e abelhas. A casca contém antraquinonas com possíveis aplicações na indústria farmacêutica e de pigmentos. A espécie é utilizada em arborização de parques, jardins e vias públicas, e bastante apropriada para recomposição de áreas desmatadas.
O tegumento das sementes dessa fabácea é pouco permeável à água. Para abreviar e uniformizar a germinação, pode-se submeter as sementes a um dos seguintes tratamentos: a) imersão em água na temperatura ambiente por 24 horas, b) imersão em água fervente por alguns segundos, c) imersão por 5-12 minutos em água contendo 2% de ácido sulfúrico e d) escarificação do tegumento com lixa d’água 220, em um dos lados da semente. A semeadura deve ser feita imediatamente após o tratamento, de preferência em recipientes de 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e sob cerca de 50% de sombreamento. O plantio das mudas pode ser em áreas parcialmente sombreadas ou ensolaradas que, de preferência, que tenham solo profundo.
S. macranthera var. nervosa possui ampla dispersão no Cerrado; comporta-se como espécie pioneira, proliferando em áreas florestais alteradas; está presente em unidades de conservação de proteção integral; e vem sendo amplamente cultivada pelo homem.
Variedades
Irwin & Barneby (1982) distinguiram 8 variedades em S. macranthera, com base em diferenças no hábito, indumento dos ramos e folhas e dimensões do cálice e frutos . Bortoluzzi et al. (2021) citam duas das variedades com porte arbóreo para o Cerrado: a típica (macranthera) e a nervosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, que podem ser distinguidas, principalmente, pela densidade e cor do indumento dos ramos, folhas e inflorescências.
Comentário: S. macranthera é afetada por uma doença virótica denominada ‘virus do mosaico da Cassia’, que tem sido constatada em diversos estados brasileiros. Lima Neto (2011) constatou, em estudo feito no estado do Paraná, que plantas da variedade típica apresentam mais anormalidades no desenvolvimento do que plantas da variedade nervosa, quando infectadas pelo vírus.