Árvore armada de acúleos, caducifólia, heliófila, monoica, até 20 m de altura e 100 cm de DAP. Casca externa espessa, de superfície clorofilada nos indivíduos jovens e cinzenta e sulcada nos indivíduos adultos; casca interna alva, fibrosa, com alto teor umidade.Madeira leve, marrom-clara tendendo a bege. Folhas digitadas, glabras, com um ou dois nectários na base da raque e com 5-7 folíolos ovados ou elípticos, de margem serreada, de 4-12 x 2,5-5 cm. Inflorescências terminais, pilosas, parvifloras, em ramos espessos. Flores diclamídeas, pentâmeras, zigomorfas, hermafroditas, com 6-9 cm de comprimento; cálice gamossépalo, trilobado, glabro; corola dialipétala; pétalas róseo-avermelhadas na metade superior e amarelada com guias de néctar purpúreos na inferior; estames alvos, unidos, formando um tubo; ovário súpero, pentalocular, multiovulado. Frutos elipsoides a obovoides, secos, deiscentes, polispermos, com 12-16 x 9-12 cm. Sementes subglobosas, envolvas em paina branca, com 4-5 mm de comprimento.
Ocorre na Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru e Brasil, nas unidades federativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e nos estados do Pará, Tocantins e Bahia.É citada para a maior parte do bioma Cerrado, como um componente de florestas subcaducifólias associadas a solos de média a alta fertilidade. É muito encontrada em cidades e fazendas, plantada com fins ornamentais.
Perde a folhagem entre abril e maio, época em que também floresce, e apresenta frutos maduros entre julho e setembro. As flores começam se abrir de manhã e durante o dia são frequentadas por abelhas, borboletas e beija-flores, enquanto à noite podem ser visitadas por morcegos nectarívoros. As sementes são dispersas pelo vento, envoltas na paina. É comum ocorrer forte predação de sementes por psitacídeos nos frutos em maturação.
A madeira é usada para confeccionar canoas, comedouros para gado, gamelas, brinquedos, esculturas e caixotes. A paina é usada para preencher travesseiros e almofadas. As flores são fonte de néctar e pólen para insetos e beija-flores e, aparentemente, de néctar para morcegos. As sementes em formação entram na dieta de psitacídeos. A espécie é indicada arborização de fazendas e de parques e jardins espaçosos, bem como para recomposição de áreas desmatadas e produção de bonsai.
As sementes perdem rapidamente a viabilidade, devendo ser postas para germinar logo após a abertura dos frutos. Recomenda-se realizar a semeadura em canteiros ou em recipientes parcialmente sombreados, contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco bovino na proporção de 2:1. As mudas devem ser plantadas em áreas ensolaradas ou parcialmente sombreadas que tenham solos reconhecidamente férteis ou tenham recebido adições de calcário, matéria orgânica e NPK, após análise físico-química.
C. speciosa tem distribuição relativamente ampla no Cerrado e parece estar presente em unidades de preservação de proteção integral nesse bioma, bem com em áreas de preservação permanentes. Contudo, atualmente, tem sido mais encontrada em áreas particulares com alta aptidão para atividades agropastoris e em sedes de fazendas, com provas ou evidências de que foram plantadas pelo homem. É uma espécie pela qual os moradores do campo e da cidade demonstram grande admiração.
Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia convertida em pastagem e lavoura de café. Estrela do Sul (MG), 16-05-2014,
Tronco de indivíduo em floresta estacional subcaducifólia alterada pelo homem. Indianópolis (MG), 12-08-2020
Inflorescência. Estrela do Sul (MG), 16-05-2014
Frutos, o da direita maduro e expondo a pais e as sementes. Araguari (MG), 18-08-2021
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Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna was last modified: junho 17th, 2023 por Benedito Alísio da Silva Pereira