Claraíba, freijó, frei-jorge, louro-preto, malvão, pereiro-malva
Árvore inerme, caducifólia , heliófila, monoica, até 10 m de altura e 30 cm de DAP. Casca externa cinzenta, espessa, irregularmente sulcada e fendilhadas; casca interna brancacenta, passando a amarelado-ferrugínea após corte. Madeira moderadamente pesada, de cor bege ou marrom, com listras irregulares, escuras. Folhas simples, alternas, pediceladas, geralmente elípticas, glabras, de margem inteira, com 10-18 x 8-14 cm. Inflorescências terminais, muito ramificadas, vistosas, glabras ou pubescentes, com 15-30 cm de comprimento. Flores diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, hermafroditas, muito perfumadas, com ± 2,5 cm de comprimento; corola branca ou branco-rosada, larga no ápice, afunilada na base, aderida ao cálice e ao fruto. Frutos oblongos ou elipsoides, indeiscentes, monospermos, com 10-12 x 3-4 mm. Sementes pouco menores que os frutos.
Possui registros de ocorrência nas unidades federativas das regiões Centro-Oeste e Nordeste e nos estados do Pará, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Ocorre, com baixa ou alta frequência, em quase toda a área de abrangência do Cerrado, como componente de florestas estacionais subcaducifólias e caducifólias, e cerradões.
Apresenta-se desfolhada ao longo da estação seca. Floresce entre agosto e setembro, às vezes com folhas recém-formadas. Dispersa os frutos entre o meado de setembro e o final de novembro. As sementes são dispersas pelo vento, aderidas ao fruto e ao perianto, com a corola funcionando como aparato de flutuação. As flores são frequentadas por beija-flores e por uma grande diversidade de insetos, com destaque para himenópteros e lepidópteros. Contudo, existem indicativos de que elas são de antese crepuscular e polinizadas principalmente por mariposas.
Fornece madeira com boas características físico-mecânica, apropriada para confecção de móveis, portas, janelas, esquadrias, tábuas para assoalhos, peças decorativas, remos e cabos de ferramenta, e para construir estruturas de telhado. As flores oferecem néctar e pólen aos seus visitantes. O néctar é considerado diferenciado, por dar origem a mel claro, aromático e saboroso. As folhas, de acordo com Pott & Pott (1994), são ricas em fósforo, magnésio, cobre e proteínas, e muito apreciadas pelo gado. A espécie reúne atributos que a tornam indicada para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas e plantios para produção de madeira de boa qualidade.
Os frutos de C. glabrata, como os de C. alliodora e C. trichotoma, são considerados maduros e com sementes bem formadas quando se desprendem da árvore e estão intumescidos e firmes. As sementes, por serem similares às dessas outras espécies de Cordia, talvez possam ser armazenadas por longos períodos, se colocadas em sacos de pano ou de papel kraft e guardadas em câmara com 10 ºC a 12 ºC de temperatura e 60% de umidade relativa. Contudo, o ideal é colocá-las para germinar logo depois da queda dos frutos, após a remoção das pétalas a eles aderidas. A semeadura deve ser realizada em canteiros ou em recipientes parcialmente sombreados, contendo terra argilo-arenosa misturada com matéria orgânica decomposta na proporção de 2:1. A emergência das plântulas se inicia entre 15 e 30 dias após a semeadura e a taxa de germinação pode chegar a 80%. As plântulas devem ser repicadas quando atingem 5 cm de altura e só devem ser plantadas no campo quando estiverem com mais de 20 cm de altura. O plantio pode ser em áreas ensolaradas ou parcialmente sombreadas, mas é necessário que os solos sejam de média a alta fertilidade ou que tenham recebidos adições de calcário, matéria orgânica e NPK nas covas ou sulcos de plantio, com base em resultados de análises físico-químicas. A prática tem indicado que os indivíduos jovens crescem rápido e florescem entre o sexto e o oito ano de vida.
C. glabrata possui populações em algumas unidades de conservação de proteção integral no Cerrado, mas não é frequente em todas as parte desse bioma. Além disso, é uma espécie que foi muito explorada no passado para aproveitamento da madeira e áreas particulares aonde ela subsiste estão à mercê de atividades antrópicas, invasões de gado e incidências de incêndios.
Espécies afins
Cordia glabrata possui afinidades morfológicas e ecológicas com C. alliodora e C. trichotoma, também abordadas neste trabalho. A distinção entre elas pode ser feita com auxílio do quadro abaixo.
Características distintivas | C. alliodora | C. glabrata | C. trichotma |
Odor de alho nos órgãos vegetativos | Sim | Não | Não |
Dilatações ocas nos ramos | Sim | Não | Não |
Pilosidade na lâmina foliar | Moderada | Ausente | Densa |
Comprimento da flor | 12-15 mm | ± 30 mm | 15-20 mm |