Cordia sellowiana Cham.

Mata-fome, baba-de-boi, louro-mole, juretê

Árvore inerme, subcaducifólia, heliófila, monoica, até 16 m de altura e 45 cm de DAP. Casca externa cinzenta a pardacenta, fissurada e estreitamente sulcada; casca interna  brancacenta, passando rapidamente a marrom após o corte. Madeira moderadamente pesada, marrom com listras  escuras. Folhas simples, alternas, curto-pecioladas,  ovadas a elípticas, velutinas, de margem inteira ou ligeiramente denteada, com 10-18 x 6-10 cm. Inflorescências corimbosas, axilares, velutinas, com 8-15 cm de comprimento. Flores diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, hermafroditas,  perfumadas, com 6-8 mm de comprimento e diâmetro; cálice curto, persistente no fruto; corola campanulada, brancacenta ou creme. Frutos globosos, com 10-15 mm de diâmetro, amarelos e suculentos na maturação, com endocarpo rijo, de superfície irregular, amarelada, alojando uma semente.

É citada para o nordeste da Argentina e o Paraguai e  tem registros de ocorrência nas unidades federativas das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, em quase todos os estados da região Nordeste e no estado do Paraná. Ocorre em todas as partes do Cerrado, sendo encontrado com relativa frequência em florestas estacionais subcaducifólias e caducifólias e em florestas ribeirinhas.

Perde a folhagem na estação seca, geralmente sem ficar completamente desfolhada. Floresce entre junho e setembro, e apresenta frutos maduros entre outubro e dezembro. As flores são frequentadas  por insetos,  com destaque para abelhas de pequeno porte. Os frutos são apanhados por pássaros, primatas e aparentemente por morcegos; e quando caem são ingeridos por animais terrestres.

A madeira é considerada boa para obras internas e para confecção de móveis, estrados, instrumentos musicais, peças decorativas, coronha de arma de fogo e carrocerias. As flores são fonte de néctar e pólen para insetos.  Os frutos são usados na medicina caseira como emoliente, antitussígeno e expectorante, são eventualmente utilizados pelo homem como alimento e entram na dieta de várias espécies da fauna silvestre. Uma investigação realizada por Barroso & Oliveira (2009) levou à constatação de mucilagens, alcaloides, flavonoides e fenóis nesses frutos. A espécie possui características que a tornam eletiva para arborização urbana e rural e para recomposição de áreas desmatadas

As sementes, quando são novas e o endocarpo está isento de resíduos da polpa do fruto, apresentam taxas de germinação em torno de 70%, com as plântulas levando de 20 a 40 dias para emergir. A semeadura pode ser realizada em recipientes individuais ou em canteiros instalados em ambiente parcialmente sombreado. O substrato pode ser uma mistura de terra argilo-arenosa com matéria orgânica decomposta, na proporção de 2:1.  As plântulas devem ser repicadas quando atingirem 5 cm de altura e plantadas no campo quando estiverem com mais de 20 cm de altura. O plantio pode ser realizado em áreas ensolaradas ou parcialmente sombreadas. As primeiras folhas das plântulas são arredondadas e as que surgem em seguida são de formato normal, mas de bordo denteado, característica que pouco aparece nas folhas dos indivíduos adultos. O desenvolvimento das plântulas e dos indivíduos juvenis em solo fértil geralmente é rápido.

C. sellowiana é relativamente frequente no Cerrado e está presente em unidades de conservação de proteção integral e em áreas de preservação permanente nesse bioma. Por outro lado, a maior parte das suas populações e dos seus indivíduos remanescentes estão em propriedades particulares, sujeitos a cortes de árvores, desmatamentos, incêndios e invasões de gado.

Indivíduo em floresta estacional subcaducifolia convertida em pastagem. Paracatu (MG), 28-05-2017

Superfície do ritidoma. Paracatu (MG), 28-05-2017

Inflorescência e folhas novas. Indianópolis (MG), 19-03-2021

Frutos e folhas adultas. Niquelândia (GO), 13-11-2018

LITERATURA
BARROS, I.C.E. & OLIVEIRA, F. 2009. Caracterização farmacognóstica dos frutos de Cordia sellowiana Cham. e de Cordia myxa L. (Boraginaceae Jussieu). Revista Brasileira de Farmacognosia [online]. v.19, n.2a, p.458-470.
BARROSO, I.C.E. et al. 2009. Morfologia da unidade de dispersão e germinação de Cordia sellowiana Cham. e Cordia myxa L. Bragantia, v.68, n.1, p.241-249. 
IBGE. 2002. Árvores do Brasil Central: espécies da Região Geoeconômica de Brasília. Rio de Janeiro: IBGE, p.135-136.
LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa (SP): Editora Plantarum, v. 1, 1a edição. 352 p.
RANGA, N.T.; MELO, J.I.M. & SILVA, L.C. 2011 Boraginaceae. In: CAVALCANTI, T.B. & SILVA, A.P. (orgs.). Flora do Distrito Federal, Brasil, v.9, p.45-67.
SILVA JÚNIOR, M.C. & PEREIRA, B.A.S. 2009. + 100 Árvores do Cerrado: Matas de Galeria: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado, p.50-51.
Stapf, M.N.S. Cordia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB16531>. Acesso em: 28 abr. 2023.
TARODA, N. & GIBBS, P. 1987. Studies on the genus Cordia L. (Boraginaceae) in Brazil. An outline taxonomic revision of subgenus Myra Taroda. Hoehnea, v.14, p.31-41.
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