Lixeira, sambaíba, pau-de-lixa, caimbé
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, com até 10 m de altura e 30 cm de DAP. Tronco na maioria das vezes tortuoso e curto. Casca espessa; ritidoma suberoso, cinzento na superfície, muito dividido e tipicamente descamante; casca viva rosada a amarelada. Madeira moderadamente pesada; cerne amarronzado ou amarelado-pardacento, com fibras visivelmente reversas. Râmulos tortuosos, com ritidoma esfoliante. Folhas simples, alternas, curto-pecioladas, pilosas, onduladas, de margem denteada ou ondulada, variando de ovadas a obovadas, de 8-25 x 4-13 cm; ricas em corpos silocosos e por isto muito ásperas e rijas quando adultas. Inflorescência paniculiforme, pilosa, terminal ou axilar, de até 15 cm de comprimento. Flores diclamídeas, actinomorfas, andróginas, perfumadas, de 5-7 mm de comprimento; calice com 4-5 sépalas imbricadas, em duas séries; corola com 4-5 pétalas brancas ou amareladas. Fruto seco, globoso, apiculado, deiscente, de superfície amarelada, áspera, face interna vermelha, com 2-4 sementes e 8-12 mm de diâmetro. Sementes obovadas a elípticas, escuras, de 3-5 mm de comprimento, revestidas por arilo branco, adocicado.
É considerada um dos elementos florísticos mais típicos e dispersos das savanas (cerrados) neotropicais, ocorrendo no sul do México, em algumas partes da América Central, na Venezuela, Guiana, Suriname e Bolívia. No Brasil se faz presente nas disjunções de cerrados dos biomas Amazônia e Caatinga, na unidades federativas da região Centro-Oeste e nos estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Ocorre em todas as partes do Cerrado, em solos argilosos, arenosos e pedregosos, podendo ser considerada adaptável a uma ampla diversidade de substratos.
C. americana perde as folhas ao longo da estação seca; floresce entre julho e outubro, com folhas novas e folhas senescentes tardias; e apresenta frutos maduros entre outubro e janeiro. As flores são frequentada por insetos, com destaque para himenópteros e coleópteros. As sementes são dispersas por aves.
A madeira de C. americana serve para obras de acabamento interno em residências, mas é mais usada em construção de cercas e em confecção de objetos torneados, móveis simples, utensílios domésticos e pilões para socar grãos. A casca, por ser rica em tanino, é utilizada no curtimento artesanal de couro , como cicatrizante de feridas e contra aftas, úlceras gástricas e desordens intestinais. As folhas servem para arear utensílios domésticos e para polir madeiras e metais. As flores são considerem uma importante fonte de néctar e pólen para abelhas. As sementes são apanhadas por aves que se alimentam de arilo. A espécie possui particularidades que a torna recomendável para arborização urbana e para recomposição de áreas desmatadas em cerrados. Além disso, tem sido considerada uma boa bioindicadora de ocorrência de depósitos de ouro.
Para formar mudas dessa espécie, o procedimento recomendado tem sido o seguinte: 1) retirar sementes de frutos recém-abertos; 2) lavar as sementes, após mantê-las em água por 12-24 horas, para facilitar a remoção do arilo; 3) realizar a semeadura em sementeira ou tubetes contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco de curral curtido, na proporção de 1:1; 4) manter a sementeira ou os tubetes a pleno sol ou sob leve sombreamento; e 5) transplantar as plântulas da sementeira logo após a sua emergência. O transplantio deve ser para recipientes de no mínimo 25 cm de profundidade, porque a parte aérea das plântulas crescem devagar, mas o sistema radicular cresce rápido.
C. americana ocorre em áreas preferenciais para atividades agropastoris, mas ocorre também em áreas rejeitadas para essas finalidade, distribui-se por quase toda a área de abrangência do Cerrado e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
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Indivíduo no final da floração e com mistura de folhas senescentes e novas, em cerrado convertido em pastagem. Buritis (MG), 01-10-2017
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Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Paracatu (MG), 24-08-2017
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Inflorescências. Douradoquara (MG), 13-07-2013
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Infrutescência com frutos maduros, expondo as sementes (pretas com arilo branco). Formosa (GO), 17-11-2017