Sinônimos: Pithecellobium tenuiflorum Benth. e P. anajuliae Rizzini
Jurema, jurema-branca, vinhático-de-espinho
Árvore espinhosa, caducifólia, heliófila, monoica, com até 12 m de altura e 35 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma variando de cinzento a amarelado, irregularmente dividido e descamante; casca interna amarelada. Madeira moderadamente pesada; cerne amarelado a marrom-claro. Folhas alternas, bipinadas, paripinadas, glabras a pubescentes, com 2-5 pares de pinas; raque e pecíolo totalizando 6-10 cm de comprimento, com nectários extraflorais; pinas opostas ou sub-opostas, com 7-15 pares de folíolos; raquilas de 4-7 cm de comprimento; folíolos opostos, sésseis, discolores, assimétricos, de 8-18 x 3-8 mm. Inflorescências globosas, axilares, pilosas, com 14-22 flores; pedúnculo de 2-3 cm de comprimento; flores sésseis, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, de 10-15 mm de comprimento; corola tubulosa, branca; estames alvos, esertos, parcialmente concrescidos, com anteras amarelas. Fruto seco, espiralado, indeiscente, polispermo, de 5-8 x 1-1,5 cm, variando de marrom a preto quando maduro. Sementes compressas, elipsoides a obovoides, lisas, duras, de 6-9 x 4-6 mm.
Possui registros de ocorrência na Argentina, Paraguai, Bolívia e no Brasil, nos estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Ocorre em florestas estacionais subcaducifólias e caducifólias relacionadas a solos bem drenados de média a alta fertilidade, e eventualmente em florestas ribeirinhas.
Perde a folhagem na estação seca; floresce com brotos ou folhas novas, nos meses de outubro e novembro; e apresenta frutos maduros entre agosto e outubro. As flores são frequentadas por abelhas, vespas e mamangavas, sendo as primeiras as mais constantes e ativas. Os frutos maduros são apanhados por animais terrestres, que aparentemente atuam como dispersores das sementes.
A madeira é apropriada para uso em obras internas e externas e para confecção de móveis, molduras, tonéis e objetos decorativos, entre outros artefatos. As flores são fonte de néctar e pólen para himenópteros. Os frutos são consumidos por macacos, psitacídeos e mamíferos terrestres. A casca é utilizada fitoterapia popular regional, como adstringente e cicatrizante. A espécie merece prioridade em projetos de recomposição de florestas degradadas e por formar árvores com características decorativas, é altamente indicada para arborização urbana.
O tegumento das sementes de C. tenuiflorum, como o de várias outras mimosoídeas abordadas neste trabalho, é muito pouco permeável à água. Os tratamentos que podem ser adotados para promover a embebição das sementes são os seguintes: a) imersão das sementes em água na temperatura ambiente por 24-36 horas, b) imersão em água fervente por alguns segundos, c) imersão por 5-10 minutos em água contendo 2% de ácido sulfúrico e d) escarificação do tegumento com lixa d’água 220, no lado oposto ao do embrião. A sementes devem ser postas para germinar imediatamente após o tratamento, em sementeiras ou em recipientes de 25 x 15 cm contendo substrato organo-argiloso e sob cerca de 50% de sombreamento. O plantio das mudas deve ser em áreas parcialmente sombreadas que tenham solos bem drenados e de média a alta fertilidade.
S. tenuiflorum ocorre em áreas disjuntas, por vezes bastante distanciadas no Cerrado; predomina em terrenos preferenciais para atividades agropastoris; é objeto de corte para utilização da madeira; e atualmente subsiste apenas em pastagens e em fragmentos florestais sujeitos a incêndios, derrubadas de árvores e invasão de gado.