Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, até 30 m de altura. Tronco reto, cônico ou dilatado na parte submediana e afunilado nas extremidades, até 150 cm de DAP. Casca externa cinzenta, muito espessa, geralmente com rugas transversais e fendas verticais; casca interna alva, fibrosa, aquosa, com veios avermelhados.Madeira amarronzada, muito leve. Folhas alterno-espiraladas, elípticas ou ovadas, longo-pecioladas, glabras a pubescentes, com 12-20 x 7-12 cm.
Inflorescências umbeliformes, terminais, grandes, vistosas, pilosas. Flores diclamídeas, pentâmeras, hermafroditas, com cálice ferrugíneo-piloso, corola branco-rosadas e 3-3,5 cm de comprimento. Frutos secos, indeiscentes, monospermos, com 5 alas membranáceas, largas, com 12-15 x 13-17 cm. Sementes alongadas, brancacentas, amiláceas, com 6-8 cm de comprimento.
Citada para a Bolívia e com ocorrência confirmada no Peru e no Brasil, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Bahia; citada também Piauí e Espírito Santo. É um elemento típico de florestas caducifólias associadas a afloramentos de calcário. No Cerrado é encontrada apenas em áreas dos vales dos rios São Francisco, Tocantins e Parnaíba.
Apresenta-se desfolhada durante a estação seca. Floresce entre julho e outubro, com pico em agosto, e apresenta frutos maduros entre o início de setembro e o final de novembro. As flores abrem-se à noite, quando aparentemente são frequentadas por mariposas e morcegos, e durante o dia são frequentadas por beija-flores e abelhas de diversos tamanhos, além de outros insetos.arborícolas. Os frutos são dispersos pelo vento, a curtas distâncias. Nas áreas mais desmatadas verifica-se uma alta predação de frutos por psitacídeos e de plântulas, por herbívoros terrestres.
A madeira é usada para confeccionar canoas; comedouros para gado, cochos para armazenar garapa e melaço, gamelas, brinquedos, esculturas e boias. As flores são fonte de néctar e pólen para beija-flores e insetos e de néctar para morcegos. As sementes entram na dieta de psitacídeos e roedores. A espécie é altamente indicada arborização, especialmente de fazendas e de parques e jardins espaçosos, bem como recomposição de áreas desmatadas e produção de bonsai.
As sementes perdem rapidamente a viabilidade, devendo ser postas para germinar logo após caírem das árvores. Semeiam-se os frutos, preferencialmente sem as alas, em canteiros ou em recipientes contendo terra argilo-arenosa misturada com esterco bovino na proporção de 2:1. É aconselhável cobrir os canteiro ou os recipientes com uma camada de capim, palha de milho ou casa de arroz e mantê-los sempre úmidos, em local parcialmente sombreado. Recomenda-se plantar as mudas em áreas ensolaradas ou moderadamente sombreadas que tenham solos reconhecidamente férteis ou que tenham recebido adições de calcário, matéria orgânica e NPK, após análise físico-química.
C. umbellata tem distribuição relativamente ampla no Cerrado, mas é exclusiva de ambientes onde ocorrem jazidas exploráveis de calcário, derrubadas de árvores para aproveitamento da madeira e desmatamentos para formação de lavouras e pastagens. Atualmente, na maior parte da sua área de distribuição, ela somente está presente em pastagens e em fragmentos florestais pequenos, sujeitos a incêndios e invasões de gado. Nesses ambientes a sua sobrevivência é dificultada por sua baixa resistência a ventos fortes, pelo aumento da predação de sementes e plântulas e pela redução das populações de polinizadores.
Árvore repleta de frutos, em fragmento de floresta caducifólia. Guarani de Goiás
Aspecto do tronco e do ritidoma de uma indivíduo adulto e outro jovem
Flores e botões florais
Frutos quase maduros
LITERATURA
MELLO JÚNIOR, A.F. 2010. Diversidade, estrutura genética e fenologia de populações naturais de Cavanillesia umbellata K. Schum no norte do Estado de Minas Gerais. Tese de doutoramento, Universidade Federal de Lavras, 100 p.
MELLO JÚNIOR, A.F. et al. 2015. Spatial genetic structure of Cavanillesia arborea K. Schum. (Malvaceae) in seasonally dry Tropical forest: Implications for conservation. Biochemical Systematics and Ecology, v.58, p.114-119.
OLIVEIRA, J.S. et al. 2011. Avaliação da taxa de germinação e do desenvolvimento de barriguda (Cavanillesia arborea) com uso de substratos alternativos. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.11, n.1, p.83-88.
PEREIRA, B.A.S. & BEHR, N. 2016. A fascinante barriguda-lisa. Ciência Hoje, v.57, n.341, p.38-41.
Cavanillesia umbellata Ruiz & Pav. was last modified: agosto 24th, 2020 por Benedito Alísio da Silva Pereira