Sinônimo: Lühea divaricata Mart.
Açoita-cavalo, açoita-cavalo-roxo, pau-de-canga, embireira
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monoica, com até 20 m de altura e 50 cm de DAP. Tronco geralmente com sapopemas, às vezes com acanaladuras na base. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento a pardacento, muito dividido, firme ou descamante; casca interna avermelhada, muito fibrosa, com listras esbranquiçadas. Madeira moderadamente pesada; cerne amarelado a marrom-escuro. Folhas simples, alternas dísticas, serreadas, discolores, pilosas, com três nervuras grandes partindo da base e 3-20 x 1,5-7 cm; pecíolo até 1,5 cm de comprimento. Inflorescências terminais ou axilares, multifloras, pilosas, com 8-12 cm de comprimento; flores vistosas, pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, pilosas, perfumadas, com 3,5-4 cm de comprimento; bractéolas do epicálice 7-9, lineares; sépalas lineares, com 1,5-2 cm de comprimento; pétalas suborbiculares, espatuladas, com 1,5-2,5 cm de comprimento, reflexas e variando de de róseas a lilases, com a base amarela, na antese. Frutos secos, lenhosos, angulosos, deiscentes, oblongos, cônico quando aberto, polispermos, com pilosidade ferrugínea, aveludada, com 1,5-2,5 cm de comprimento. Sementes pequenas, aladas com asa dourada; núcleo seminal pequeno, na extremidade da asa.
Ocorre no Uruguai, Argentina, Paraguai e no Brasil, nas unidades federativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Os seus registros de ocorrência no Cerrado estão concentrados nas partes central e meridional desse bioma, sendo a maioria em florestas subcaducifólias e florestas ribeirinhas.
Perde as folhas no meado da estação seca; floresce em dezembro e janeiro, com folhas bem desenvolvidas; e apresenta frutos maduros entre julho e setembro. As flores abrem-se no fim do dia (apenas uma em cada inflorescência) e são frequentadas por insetos de hábito noturno e provavelmente por morcegos; enquanto durante o dia são frequentadas por himenópteros, lepidópteros e beija-flores. As sementes são dispersas pelo vento.
A madeira é compacta e resistente, já tendo sido muito usada na construção civil, no meio rural e nas cidades. Por não ser muito pesada e ser fácil de moldar, já foi também muito empregada em confecção de móveis, esculturas, formas para calçados, caixotes, coronhas, cangas de boi entre outros objetos. A entrecasca, por ter fibras resistentes, é utilizada como sucedâneo de cordas e barbantes. Essa casca e a madeira, já foram aproveitadas como fonte de tanino. As flores são citadas na literatura especializada como uma das mais atrativas e úteis para a abelha Apis melífera. A casca interna e as folhas são utilizada na medicina caseira, como analgésico, calmante, anti-inflamatório, cicatrizante, diurético, antirreumático, antidiarreico, antibiótico, expectorante, depurativo e uma série de outros problemas de saúde no ser humano; porém, os estudos até agora realizados comprovaram a sua eficácia contra apenas uma parte desses males. A espécie, devido às suas vistosas flores e aos recursos que estas oferecem a uma parte da fauna, é indicada para arborização urbana e para recomposição de áreas desmatadas.
L. divaricata é propagada por sementes. Para obtê-las, deve-se colher os frutos nas árvores, no início da deiscência, e coloca-los para completar esse processo em bandejas, em ambiente sombreado e ventilado. Após a abertura, os frutos são sacudidos e as sementes obtidas são colocadas em um saquinho de pano, onde são rápida e suavemente comprimidas para remoção das asas. A semeadura pode ser realizada em sementeira, para posterior repicagem das plântulas, ou em saquinhos de polipropileno com 25 x 15 cm contendo terra argilo-arenosa misturada com matéria orgânica decomposta na proporção de 1:1. Outros recipientes e substratos também dão bons resultados, conforme relatado nos trabalhos de Felker et al. (2011) e Grave et al. (2007, abaixo referenciados. A cobertura das sementes deve ser sempre com uma tênue camada de substrato e as regas devem ser feitas com pulverizador.
Essa malvácea é citada para apenas uma parte da área de abrangência do Cerrado, ocorre em terrenos preferenciais para atividades agropastoris e foi muito explorada para aproveitamento da madeira. Por outro, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em algumas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
Distinção da espécie
L. divaricata distingue-se das suas congenéricas no Cerrado por, principalmente, ser a única que possui pétalas róseas a lilases na antese, com a base amarela. Além disso, suas folhas são divaricadas, divaricadas e seus frutos são bem menores do que os dessas outras espécies.
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Indivíduo preservado na área de recreação do Parque Nacional de Brasília. Brasília (DF), 08-03-2019
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Superfície do ritidoma. Uberlândia (MG), 03-01-2018
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Flor, botões florais e folhas. Uberlândia (MG), 03-01-2018
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Frutos maduros, após a dispersão das sementes. Uberlândia (MG), 03-01-2018