Sinônimo: Norantea guianensis var. goyazensis (Cambess.) G.L.Ferreira
Mel-de-arara , flor-de-papagaio
Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, heliófila, monoica, até 6 m de altura e 20 cm de DAP; às vezes arbusto escandente ou lianescente. Tronco tortuoso, frequentemente com raízes adventícias, que às vezes aparecem também nos galhos e ramos.Casca moderadamente espessa; ritidoma escuro ou cinzento, fissurado e descamante; casca interna vermelha. Cerne pardo-amarelado, pesado. Ramos pardacentos, geralmente longos, eretos ou flexuosos. Folhas simples, alterno-espiraladas, glabras; pecíolo de 3-20 mm de comprimento lâmina levemente discolor, coriácea, ovada a elíptica, de 8-18 x 3,5-8 cm, com nectários na face inferior, próximos às margens e à nervura principal. Inflorescências terminais, glabras, multifloras, com 25-60 cm de comprimento; flores vermelhas a vináceas, curto-pediceladas, hermafroditas, diclamídeas, pentâmeras, polistêmones, de 2-3 cm de comprimento, cada qual com uma bráctea tubulosa ou sacciforme, pêndula, nectarífera, no pedicelo. Frutos globosos, ligeiramente apiculados, polispermos, de 8-12 mm de diâmetro, secos e deiscentes quando maduros. Sementes oblongas a reniformes, marrom-escuras, de ± 4x 2 mm.
Distribui-se da Costa Rica até a Bolívia e o Brasil (Giralvo-Cañas & Fiaschi, 2005), onde já foi registrada nos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás (Dressler, 2018) e na Bahia (Teixeira et al. 2014). Tem distribuição disjunta e relativamente restrita no Cerrado, tendo em vista que é citada apenas para áreas pontuais do leste de Mato Grosso, centro-norte de Goiás, sul do Tocantins e noroeste da Bahia. Seus habitats nessas áreas compreendem cerrados rupestres e florestas baixas vinculadas a terrenos rochosos, geralmente dominados por quartzitos.
Floresce entre julho e setembro e apresenta frutos maduros cerca de 4 meses após a floração. As flores são frequentadas por insetos e beija-flores (colibris), sendo que, aparentemente, estes últimos são os seus principais polinizadores. A dispersão das sementes se dá por gravidade.
A madeira de N. goyasensis, como a de muitos elementos arbóreos do Cerrado, é utilizada apenas localmente e de forma eventual, como lenha e em construção de cercas. As flores oferecem néctar e pólen a beija-flores e insetos, e servem de alimentos para psitacídeos. A espécie, devido às suas longas e vistosa inflorescências, é altamente indicada para arborização de logradouros públicos e de jardins residenciais e comerciais.
A multiplicação dessa espécie pode ser feita por meio de sementes, da forma preconizada para Schwartzia adamantium. Porém, a presença de raízes adventícias nos seus galhos e ramos sugere que a formação de mudas pode ser também por estaquia e∕ou alporquia.
N. goyasensis está distribuída numa parte relativamente restrita do Cerrado, ocorre em áreas vulneráveis a incêndios e aparentemente conta com populações em apenas uma unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. Por outro lado, é exclusiva de terrenos rochosos, com fortes restrições para atividades agropastoris, e ocorre em áreas de declividade acentuada, designadas como de preservação permanente.
Indivíduo em cerrado rupestre. Cavalcante (GO), 08-10-2018
Superfície do ritidoma. Cavalcante (GO), 08-10-2018
Inflorescências. Cavalcante (GO), 08-10-2018.
Frutos jovens. Cavalcante (GO), 08-10-2018
LITERATURA
Dressler, S. MarcgraviaceaeinFlora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB85147>. Acesso em: 27 jan. 2024.
GIRALDO-CAÑAS, D. 2002. Los géneros Marcgraviastrum y Norantea (Marcgraviaceae) en Brasil. Revista da Academia. Colombiana de Ciencias, v.26, n.101, p.469-476.
GIRALDO-CAÑAS, D. & FIASCHI, P. 2005. Las Marcgraviaceae (Ericales) de Brasil: Las especies del complejo Norantea. Caldasia, v.27, n.2, p.173-194.
PEIXOTO, A.B. 1985. Flora de Goiás: Marcgraviaceae. RIZZO, J.A. (coord.). Goiânia: Editora da Universidade Federal de Goiás, 32 p. (Coleção Rizzo, v.5).