Pau-pereira, pereiro, folha-de-bolo
Árvore inerme, monoica, heliófila, caducifólia, de até 20 m de altura e 60 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento a pardacento, irregularmente dividido e descamante; casca interna branco-acinzentada, com listras vináceas, exsudando seiva vermelha. Madeira pesada; cerne entre amarelo-escuro e marrom. Folha alterna, trifoliolada, pilosa; raque e pecíolo de 9-16 cm de comprimento; folíolos curto-peciolulados, ovados a elípticos, os laterais de 8-12 x 6-9 cm e o apical de 12-18 x 9-13 cm. Inflorescência paniculiforme, terminal ou axilar, pilosa, até 25 cm de comprimento. Flores diclamídeas, pentâmeras, papilionáceas, curto-pediceladas, andróginas, perfumadas, de 18-20 mm de comprimento; cálice campanuliforme, marrom, velutino; corola dialipétala, variando de rosada a arroxeada, com uma mancha alva e triangular na base do estandarte; androceu com 9 estames unidos e um livre. Fruto compresso, oblongo, coriáceo, piloso, estreitamente alado, indeiscente, polispermo, com 10-16 x 2,5-3,5cm. Sementes marrons ou pretas, reniformes, com hilo grande, lisas, duras, de 1,5-2,5 x 1,2-1,6 cm.
Espécie endêmica do Brasil, com ocorrência comprovada nos estados da região Sudeste, no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Bahia e Paraná. Habita florestas ombrófilas, florestas estacionais e florestas ribeirinhas associadas a solos de média a alta fertilidade. Pode ser considerada pouco dispersa no Cerrado, tendo em vista que só possui registros de ocorrência em áreas situadas abaixo do paralelo 14º Sul.
Apresenta-se desfolhada na estação seca, floresce entre fevereiro e abril e apresenta frutos maduros entre julho e setembro. As flores abrem-se sucessivamente a partir da base da inflorescência e exalam um odor agradável, que atrai uma variedade de himenópteros, com destaque para abelhas e mamangavas. As sementes caem sob a planta-mãe e muitas vezes são predadas por bruquídeos. Árvores observadas no Distrito Federal apresentaram floração bianual.
A madeira de P. regnellii foi muito usada em construções rurais e urbanas; em confecção de móveis, tonéis, painéis decorativos e objetos de adorno; bem com em construção de carrocerias, tabuados, carros de bois e engenhos de moer cana. As flores são fonte de néctar e pólen para abelhas e outros himenópteros. A casca do tronco é utilizada na fitoterapia popular, contra infecções e ansiedade, sendo, por outro lado, considerada venenosa para animais domésticos. Machado (2000) contatou que as raízes dessa planta possuem substâncias com atividade antibacteriana. A espécie possui atributos que a torna altamente indicada para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas, implantação de sistemas agroflorestais e reflorestamentos para produção de madeira versátil e de alta qualidade.
As sementes dessa fabácea embebem-se com facilidade e desta formam germinam rápido e de maneira relativamente uniforme, dispensando tratamentos pré-germinativos. A semeadura pode ser feita em sementeiras ou em recipientes individuais com dimensões mínimas de 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e mantidos em ambiente com 30% a 50% de sombreamento.
A. regnellii ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas), mas normalmente as suas populações são compostas por poucos indivíduos e maioria delas está confinada em remanescentes florestais reduzidos, e sujeitos a derrubadas de árvores, incêndios e invasão de gado. Além disso, só possui um registro de ocorrência em unidades de conservação de proteção integral no Cerrado.
Comentários: 1) P. regnellii possui folhas confundíveis com as de Erythrina mulungu e E. verna, mas é desprovida de acúleos, não apresenta nectários extraflorais, possui exsudato vermelho na casca interna e tem flores variando entre rosadas e arroxeadas; e 2) O estudo de Barbieri et al. (1998) levou ao registro de formação de nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio em radicelas de mudas de P. regnellii.
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Fuste de indivíduo em floresta estacional caducifólia, na estação chuvosa. Brazlândia (DF), 28-03-2010
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Superfície do ritidoma e cor da casca interna e do exsudato (estrias vermelhas). Brazlândia (DF), 28-03-2010
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Folha (face adaxial dos folíolos). Brazlândia (DF), 28-03-2010
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Flores colhidas no chão. Brazlândia (DF), 28-03-2010