Jacarandá, jacarandá-canzil, canzileiro, uruvalheira
Árvore inerme, caducifólia ou subcaducifólia, heliófila, monoica, até 20 m de altura e 60 cm de DAP. Casca muito espessa; ritidoma suberoso, sulcado, consistente, cinzento na superfície e marrom na porção interna; casca interna amarelada na camada externa e branco-rosada na interna, exsudando seiva vermelha. Madeira moderadamente pesada; cerne entre amarelo-escuro a marrom, geralmente com listras escuras. Folhas alternas, imparipinadas, com 11-21 folíolos; raque e pecíolo totalizando 8-15 cm de comprimento; folíolos curto-peciolulados, variando de opostos a alternos, de oblongos a elípticos, de glabros a pubérulos na face superior e de pubérulos a tomentosos na inferior, com 3-4 x 1,3-2 cm. Inflorescência racemiforme, axilar, pubérula ou glabra, vistosa, de 7-12 cm de comprimento; flores diclamídeas, pentâmeras, papilionáceas, andróginas, perfumadas, com 1,5-2,0 cm de comprimento; cálice campanuliforme; pétalas amarelas, livres, onduladas. Fruto obcultriforme, seco, indeiscente, com ala basal, nervosa, quebradiça e núcleo seminífero apical, saliente, lenhoso. Sementes pardacentas, oblongas ou reniformes, de 7-10 x 4-5 mm.
Ocorre no Panamá, Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e no Brasil, em todas as unidades federativas das regiões Centro-Oeste e Sudeste, na maioria dos estados das regiões Norte e Nordeste e no estado do Paraná. Se faz presente em florestas estacionais subcaducifólias, florestas ribeirinhas e cerradões vinculados a solos mesotróficos, como latossolos vermelhos e nitossolos. Ocorre em toda a área de abrangência do Cerrado.
Perde as folhas na estação seca, floresce entre setembro e novembro, com pico em outubro, e apresenta frutos maduros de junho a agosto. As flores são frequentadas por abelhas, mamangavas e vespas. Os frutos são dispersos pelo vento. Augspurger (1983 e 1986) observou que as sementes são predadas por cutias e larvas de bruquídeos, e que as plântulas, em determinadas condições, sofrem ataques severos de fungos, que podem interferir no recrutamento de novos indivíduos.
A madeira é utilizada em construção de cercas, currais, cancelas e para confeccionar assoalhos, portais, portas, janelas, beirais, móveis, objetos decorativos, cabos de ferramentas e canzis de carga de bois. As folhas entram na dieta de algumas espécies de primatas. As flores oferecem néctar e pólen aos insetos que as frequentam. As sementes entram na dieta de alguns roedores. A espécie reúne atributos que a tornam recomendável para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas, implantação de sistemas agroflorestais, e plantios voltados para obtenção de madeira de boa qualidade.
Na produção de mudas de P. elegans, o procedimento comumente adotado têm consistido em utilizar frutos recém-amadurecidos, sem a asa e com um corte não muito profundo em um dos lados do núcleo seminífero. As sementes são postas para germinar dentro dos núcleos, sem tratamentos pré-germinativos ou após mantê-los imersos em água por 12 horas. A semeadura deve ser realizada em recipientes de no mínimo 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e mantidos em ambiente ensolarado ou com no máximo 30% de sombreamento.
P. elegans predomina em áreas preferenciais para atividades agropastoris, já muito fragmentadas e alteradas, e é objeto de corte para aproveitamento da madeira. Por outro lado, tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma.
Comentário 1: As folhas de P. elegans contêm vitamina C (MILTON & JENNESS, 1987) e um hormônio que pode aumentar a capacidade reprodutiva das fêmeas dos primatas que delas se alimentam (SUMNER, 2000), enquanto as sementes contêm cumarina e uma série de triterpenos de interesse farmacológico (AMARAL et al., 2001).
Comentário 2: Patreze & Cordeiro (2005) constataram que a radicelas de P. elegans entram em simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio e com fungos micorrízicos, o que justifica a sua indicação para emprego em implantação de sistemas agroflorestais.
Subespécies
LIMA & KUNTZ (2021) citam duas subespécie para Platypodium elegans, a típica (elegans), aqui tratada, e a maxonianum (Pittier) H.C.Lima, que é citada somente para o Bioma Amazônia.
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Árvore florida, em pastagem. Campina Verde (MG), 03-10-2014
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Superfície do ritidoma. Campina Verde (MG), 03-10-2014
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Flores e folhas. Campina Verde (MG), 03-10-2014
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Frutos. dois maduros e um amadurecendo. Monte Carmelo (MG), 10-09-2013