Faveira, faveira-de-bolota, fava-de-boi, sabiú, visgueiro
Árvore inerme, caducifólia ou subcaducifólia, heliófila, monoica, até 15 m de altura e 40 cm de DAP. Tronco geralmente curto e tortuoso, às vez com bolotas de goma na superfície. Casca espessa; ritidoma suberoso, dividido e descamante, cinzento ou negro na superfície e marrom na subsuperfície; casca interna avermelhada, exsudando seiva da mesma cor alguns minutos após o corte. Madeira pesada; cerne amarelado a marrom-claro. Copa larga, com galhos grossos. Folhas alternas, bipinadas, paripinadas, com 6-18 pares de pínulas alternas, cada qual com numerosos folíolos; raque e pecíolo totalizando até 25 cm de comprimento, este último com um nectário extrafloral próximo ao pulvino; ráquilas de 4-10 cm de comprimento; foliólulos numerosos, sésseis, oblongos, de 5-10 x 0,8-1,2 mm. Inflorescências globosas, terminais, com 4-5,5 cm de diâmetro e numerosas flores vermelhas, sendo as do ápice andróginas e as demais femininas; pedúnculo de 25-50 cm de comprimento; flores diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, perfumadas, sésseis, tubulosas, de 8-12 mm de comprimento.; cálice tubuloso, com lobos desiguais; corola vermelho-purpúrea, tubulosa. Frutos sublenhosos, achatados, estipitados, oblongos, geralmente curvos, polispermos, indeiscentes, marrons e de 6-12 x 3-4 cm na maturação. Sementes amarronzadas, duras, elipsoides a oblongas, de 7-10 x 6,5 mm.
É citada para os estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso, Goiás (provavelmente com base em amostras coletadas antes da criação do estado do Tocantins) e os estados da região Nordeste, com exceção de Sergipe e Alagoas. Ocorre em cerrados vinculados a solos arenosos, ácidos e pobres.
Perde uma substantiva parte da folhagem entre maio e julho; normalmente, floresce entre julho e setembro; e apresenta frutos maduros entre outubro e dezembro. As flores abrem-se à noite e atraem morcegos nectarívoros, que são considerados os seus mais efetivos polinizadores; durante o dia elas são frequentadas por insetos, notadamente abelhas, que provavelmente atuam como polinizadores secundários. Os frutos maduros caem sob a planta-mãe e aparentemente as sementes são dispersas por herbívoros que os utilizam como alimento.
A madeira e usada em construção de cercas; confecção de móveis rústicos, caixotes e brinquedos, e principalmente como lenha. A casca, rica em tanino, é eventualmente utilizada para curtir couros e na fitoterapia popular, principalmente como cicatrizante e adstringente. A goma exsudada pelo tronco serve de alimento para primatas do gênero Callithrix conhecidos pelos nomes de mico, soín e sagui. As flores fornecem néctar para morcegos e insetos. Os frutos maduros são ingeridos por roedores, anta, macacos, veado-campeiro e psitacídeos e por conterem carboidratos não fibrosos e proteínas, são utilizados por fazendeiros como suplemento alimentar para bovinos, caprinos e ovinos, em mistura com forrageiras convencionais. As sementes contêm uma lecitina com potencial para utilização na indústria farmacêutica. A espécie possui atributos que a configuram como prioritária para arborização urbana e rural, recomposição de áreas alteradas em cerrados e implantação de sistemas agroflorestais.
O tegumento das sementes de P. platycephala é pouco impermeável à água. Os tratamentos atualmente preconizados para superar a dormência imposta por esse revestimento são os seguintes: a) imersão das sementes em água na temperatura ambiente por 24 horas, b) imersão das sementes em água fervente por alguns segundos, c) imersão das sementes por 5-10 minutos em água contendo 2% de ácido sulfúrico e d) escarificação do tegumento com lixa d’água 220. A semeadura deve ser feita imediatamente após o tratamento, de preferência em recipientes de 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e sob cerca de 50% de sombreamento. O plantio das mudas pode ser em áreas parcialmente sombreadas ou ensolaradas. Mudas plantadas em solo de cerrado no Distrito Federal, sem calagem e adubação, cresceram rápido e frutificaram aos 10 anos de idade.
P. platycephala ocorre em uma considerável parte da área de abrangência do Cerrado, está presente em algumas unidades de conservação de proteção integral nesse bioma e é preservada por alguns fazendeiros. Todavia, os solos em que eles predominam, que antes eram refugados pelos produtores rurais, agora estão sendo incorporados de forma acelerada ao processo de produção de grãos, algodão, gado e outras commodities da agropecuária nacional.
Curiosidade: P. platycephala é a árvore-símbolo do Estado do Tocantins, conforme a Lei no 915, de 16/07/1997, publicada na 614a edição do Diário Oficial desse estado.
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Indivíduo com folhagem nova, em área de expansão urbana. Palmas (TO), 25-089-2019
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Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Ponte Alta do Tocantins (TO),19-05-1992
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Folhas adultas e inflorescências. Taguatinga do Tocantins (TO), 05-08-2013
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Frutos imaturos. Correntina (BA), 03-09-2014