Pinheiro-do-brejo
Árvore inerme, perenifólia, heliófila, dioica, até 10 m de altura e 25 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma escuro, superficialmente dividido e descamante; casca interna vermelha. Madeira branca a a branco-amarelada, leve. Ramos longos, verdes no ápice e de crescimento intermitente. Folhas simples, alterno-espiraladas, curto-pecioladas, glabras, verde-amareladas e membranáceas quando jovem, verde-escuras e tesas quando adultas, elípticas ou oblongas, de 6-12 x 1-1,5 cm. Estróbilos masculinos amarelo-claros, axilares, sésseis, solitários, de 3-4,5 cm de comprimento x 3-4 mm de diâmetro. Estróbilos femininos solitários, geralmente axilares, com pedúnculo fino e receptáculo (epimácio) carnoso, de 6-10 mm de comprimento e de cor roxo-escura na maturação. Sementes subglobosas, brancacentas quando novas, de 6-8 mm de diâmetro.
Foi citada pelo seu descritor (Laubenfels, 1982) para uma localidade da Venezuela e para o Planalto Central do Brasil. A sua ocorrência nesta região está documentada através de coletas feitas no Distrito Federal e em Goiás, nos municípios de Alto Paraíso de Goiás, Teresina de Goiás, Cavalcante e Águas Lindas de Goiás. Pode ser considerada higrófila e alpestre, por ser encontrada somente em barrancos de córregos, florestas ribeirinhas paludícolas e cerrados rupestres vinculados a terrenos sazonalmente encharcados , sempre na faixa de 950 a 1.400 m de altitude.
Floresce de dezembro a janeiro e apresenta estróbilos femininos maduros de fevereiro a abril. As flores são polinizadas pelo vento e as sementes são dispersas por pássaros. Em três populações monitoradas durante quatro anos pelo autor deste texto, a floração das árvores foi de bi a trianual e na maioria delas os estróbilos eram do sexo masculino.
A madeira de P. brasiliensis possui propriedades físico-mecânicas similares às de outras angiospermas ocorrentes no Brasil (Paula & Alves, 1997) e desta forma pode ser considerada apropriada para confeccionar caixotes, compensados, móveis, molduras, ripas, formas para concreto, brinquedos, palitos e polpa para papel, entre outros produtos. Os receptáculos dos estróbilos femininos maduros são apreciados por aves silvestres. A espécie deve estar sempre presente em projetos de arborização urbana, ajardinamento e restauração de áreas alteradas em florestas ribeirinhas.
A experiência com formação de mudas de P. brasiliensis ainda é incipiente, mas tem indicado que as sementes não apresentam dormência e que quando novas e livres do receptáculo apresentam altas taxas de germinação. Pelo que se conhece sobre as características das plântulas de outras espécies de Podocarpus, pode-se inferir que o ideal é realizar a semeadura em recipientes com cerca de 25 x 15 cm, contendo substrato organo-argiloso e mantidos em ambiente com 30% a 50% de sombreamento. É possível que essa gimnosperma possa ser propagada também por meio de estacas tratadas com hormônio de enraizamento, como há muito se faz com as espécies exóticas de Podocarpus atualmente utilizadas em jardinagem.
P. brasiliensis ocorre em uma parte relativamente pequena do Cerrado, mas é exclusiva de áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e de áreas especiais dentro de cerrado rupestres, inaptos para atividades agropastoris. No entanto, na avaliação do CNCFlora (2018), que leva em conta uma série de fatores de risco de extinção, ela está no status de espécie Vulnerável (VU).
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Indivíduo na margem do rio do Sal. APA do Cafuringa, Brazlândia (DF), 03-06-2005
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Aspecto do ambiente, tronco e ritidoma. APA do Cafuringa, Brazlandia (DF), 03-06-2005
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Folhas. APA do Cafuringa, Brazlândia (DF), 03-06-2005
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Ramos com estróbilos masculinos. Guará (DF), 10-01-1992
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Estróbilos femininos. Cavalcante (GO), 26-08-2013