Guassatonga, guaçatonga
Árvore inerme, perenifólia, heliófila, dioica, de até 15 m de altura e 25 cm de DAP. Tronco roliço, retilíneo, longo em indivíduos de matas densas. Casca moderadamente espessa; ritidoma cinzento, íntegro ou superficialmente sulcado, ou com sulcos relativamente profundos; casca interna bege, amarela na região do floema, contornada por uma camada verde de periderme nos indivíduos de menor diâmetro. Madeira moderadamente pesada; cerne amarelo-claro a bege. Râmulos retilíneos, cinzentos ou acastanhados,roliços, lenticelados, glabrescentes ou tomentosos no ápice. Folhas simples, alternas, dísticas, estipuladas; pecíolo sulcado, de 5-7 mm de comprimento; lâmina de 4-8 x 2-4 cm, cartácea, discolor, glabra ou glabrescente na face superior, tomentosa na inferior, com pontuações translúcidas, oblonga a elíptica, geralmente assimétrica, com base cuneada a atenuada, ápice acuminado e margem serrilhada, glandulosa. Inflorescências fasciculadas, axilares, multifloras, subsésseis ou sésseis, tomentosas. Flores branco-esverdeadas a amarelo-claras, sésseis, monoclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, andróginas, perfumadas, de 5-7 mm de comprimento; sépalas unidas até quase a metade do comprimento; androceu diplostêmone; ovário súpero, unilocular, tricarpelar. Frutos (sub)globosos, apiculados, sulcados, algo verrucosos, glabrescentes, trivalvares, polispermos, deiscentes, de 3,5 mm de comprimento, com pericarpo mais ou menos rijo e de cor castanha na maturação. Sementes escuras, ovaladas,, foveoladas, de 1,5-2 mm de comprimento; arilo alaranjado, fimbriado-dilacerado.
Ocorre no Panamá, nos países limítrofes com as regiões Norte e o Centro-Oeste do Brasil, nas unidades federativas dessas regiões e nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. É encontrada em florestas estacionais subcaducifólias e perenifólias, florestas ribeirinhas vinculadas a solos bem drenados, cerradões e eventualmente em cerrados alterados pelo homem. É frequente na maior parte da área de abrangência do Cerrado e muitas vezes se torna dominante em áreas desmatadas.
Floresce ao longo de quase todo o ano, com os meses de abril, maio e junho constituindo o principal período de florescimento. A abertura das flores se dá de forma escalonada e o período floração-maturação dos frutos é de poucos meses, de modo que é comum os indivíduos apresentarem flores e frutos maduros ao mesmo tempo. As flores, segundo um estudo realizado por Machado & Oliveira (2000) em Uberlândia (MG), abrem-se principalmente no início da manhã e são visitadas por moscas, abelhas e borboletas, com a mosca Ornidia obesa (família Syrphidae) sendo o visitante mais frequente e, aparentemente, o seu principal polinizador. As sementes são dispersas por pássaros que se alimentam de arilo.
A madeira de C. grandiflora é usada em construção de cercas no meio rural, como fonte de energia e, menos frequentemente, em confecção de móveis simples, forros e molduras. Morais et al. (1997) constataram que as folhas dessa espécie contêm um óleo essencial constituído por terpenos com potencial de uso na indústria medicamentos e outros produtos químicos. As flores são fonte de néctar e pólen para os insetos que as frequentam. O arilo das sementes entram na dieta de várias espécies de pássaros. A espécie, com folhagem de aspecto pouco comum, é bastante recomendável para arborização urbana; e por fornecer alimentos a aves e insetos silvestres, merece prioridade em projetos de recomposição de áreas desmatadas.
Os propágulos utilizados para formação de mudas de C. grandiflora são as sementes. Estas germinam mais rápido e em maior quantidade quando são novas e estão isentas do arilo. Este pode ser removido mantendo-se as sementes em um recipiente com água por uma semana e depois lavando-as em água corrente com auxílio de uma peneira de malha fina. A semeadura deve ser realizada em sementeiras localizadas em ambiente com cerca de 50% de sombreamento e tendo como substrato uma mistura de terra argilo-arenosa com matéria orgânica decomposta na proporção de 1:1. Segundo observações em viveiro, as sementes demoram cerca de 35 dias para começarem a germinar e a taxa de germinação situa-se em torno de de 40%. A espécie torna-se dominante em alguns sítios, o que indica que as suas sementes germinam bem na natureza e que as suas plântulas crescem com rapidez.
C. grandiflora é mais frequente em áreas com solos favoráveis para a prática de atividade agropastoris e, em razão disso, teve muitas populações dizimadas pelo homem ao longo do tempo. No entanto, é uma espécie que se distribui por quase toda a área de abrangência do Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em muitas unidades de de conservação de proteção integral nesse bioma.
Distinção da espécie
Em construção
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Indivíduos em cerradão alterado pelo homem. Nova Roma (GO), 10-04-2013
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Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Nova Roma (GO), 10-04-2013
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Inflorescências. Romaria (MG), 09-06-2016
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Frutos maduros expondo as sementes, frutos imaturos e flores. Romaria (MG), 09-06-2016