Variedades: langsdorffii, glabra (Vogel) Benth. e grandifolia Benth.
Copaíba, pau-d’óleo, óleo, copaibeira
Árvore inerme, caducifólia, heliófila, monóica, oleoresinífera, de até 25 m de altura e 90 cm de DAP. Casca moderadamente espessa; ritidoma dividido e descamante, de cor cinzenta ou amarronzada na superfície e marrom ou vinácea na porção interna; casca viva rosada a brancacenta. Madeira moderadamente pesada, com cerne marom-claro ou castanho, geralmente com listras escuras. Folhas alternas, paripinadas ou imparipinadas, glabras ou indumentadas, com 3-5 pares de folíolos curto-peciolulados, com lâmina de 2-5 x 1,5-3 cm repleta de pontuações translúcidas contendo oleoresina. Inflorescências paniculiformes, terminais ou axilares, glabras ou pilosas, de 5-15 cm de comprimento. Flores brancas, amareladas, às vezes rosadas, monoclamídeas, tetrâmeras, zigomorfas, andróginas, perfumadas, de 5-7 mm de comprimento. Frutos obliquamente elipsóides, apiculados, sublenhosos, deiscentes, com 1 (às vezes 2) sementes e 2-3 x 1,3-2 cm. Sementes negras, lisas, na maioria das vezes elipsoides, de 13-16 x 7-10 mm, providas de arilo amarelo, alaranjado ou avermelhado, carnoso e oleoso.
Ocorre, representada por uma ou mais de uma das três variedades acima mencionadas, na Argentina, Paraguai, Bolívia, Guiana e Brasil. Segundo Costa (2022), a distribuição conhecida dessas variedades no território brasileiro é a seguinte: variedade langsdorffii > estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná; variedade glabra > Distrito Federal, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul; e variedade grandifolia > unidades federativas das regiões Centro-Oeste e Sudeste (exceto Espírito Santo) e estados do Tocantins, Piauí, Bahia e Paraná. Copaifera langsdorffii (lato sensu) é uma das espécies arbóreas mais comuns nos cerradões e demais formações florestais do Cerrado, indicando ser pouco seletiva quanto às características dos habitats.
Perde a folhagem na estação seca, normalmente por um curto período, e emite folhas novas no começo da estação chuvosa. Floresce, mais comumente, em dezembro, janeiro e fevereiro, sendo que em alguns indivíduos o florescimento é supraanual. Apresenta frutos maduros entre junho e setembro. As flores são frequentadas por uma ampla variedade de insetos, com destaque para abelhas silvestres, que são os seus principais polinizadores. As sementes são dispersas por aves que se alimentam de arilo e por formigas do gênero Atta que as transportam para os seus ninhos, onde eventualmente germinam.
O tronco das árvores de C. langsdorffii, quando perfurado, emana um oleoresina que é amplamente usado na fitoterapia popular como cicatrizante, adstringente, antibiótico, anti-inflamatório, anti-reumático, depurativo do sangue e no tratamento de úlceras gástricas e de afecções cutâneas, respiratórias e urinárias, além de estar sendo usado no fabrico de sabonetes, cremes e loções para a pele. A madeira é usada em obras internas e em confecção de móveis comuns, esculturas, cabos de ferramentas e objetos similares. As flores são uma fonte importante de néctar e pólen para abelhas. O arilo das sementes entra na dieta de diversas espécies de aves, com destaque para tucanos, e serve como substrato para os fungos que as formigas do gênero Atta cultivam em seus ninhos para uso como alimento. A espécie possui atributos que a torna altamente indicada para arborização urbana e rural, recomposição de áreas desmatadas e reflorestamentos para obtenção de madeira e de oleoresina. Décadas atrás, essa fabácea foi introduzida na Índia e na Austrália sob o nome de diesel tree, como potencial alternativa para produção de biocombustível.
Para formar mudas de C. langsdorffii, é preciso utilizar sementes livres do arilo, recém-colhidas ou que foram conservadas em embalagens herméticas e à temperatura ambiente por no máximo 4 meses. A germinação e o desenvolvimento das plântulas são rápidos quando a semeadura é realizada em recipientes de 25 x 15 cm, contendo terra argilo-arenosa misturada com matéria orgânica descomposta na proporção de 1:1, porém outros substratos também podem ser utilizados. A taxa de sombreamento do ambiente nessas fase de formação das mudas deve ser de cerca de 50%. Dependendo das condições locais e dos objetivos do plantio, pode-se realizar a semeadura em covas abertas na área que será (re)povoada com a espécie. As mudas de C. langsdorffii prosperam mais rápido e formam troncos mais retos quando plantadas com pequeno espaçamento em áreas que tenham solo profundo e fértil ou que tenham recebido adições de calcário e NPK com base em análise físico-química.
C. langsdorffii predomina em áreas preferenciais para atividades agropastoris e é objeto de corte para aproveitamento da madeira, mas possui ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas), está representada em várias unidades de conservação de proteção integral nesse bioma, é preservada em fazendas e vem sendo utilizada em arborização urbana.
Comentários
1: O oleoresina de C. langsdorffii é considerado tóxico quando ingerido em doses elevadas e apesar de já ter sido bastante estudado do ponto vista químico e farmacológico, a sua eficácia contra algumas das doenças acima citadas ainda não está cientificamente comprovada. 2: Existem registros de ocorrência de nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico em radicelas de plântulas de C. langsdorffii, porém ainda falta descobrir se esses nódulos se formam também em radicelas de indivíduos juvenis e adultos.
Distinção das variedades, com base nas descrições e no mapa de distribuição de Costa (2022)
-Variedade langsdorffii: Folíolos pubérulos, pubescentes ou tomentosos. Panículas menores, do mesmo tamanho ou uma vez maior que as folhas adjacentes. Flores com sépalas geralmente pubescentes na face externa e hirsuta na face interna. Fruto de 1,8-2,2 x 1,3-2,0 cm. Arilo laranja ou ou vermelho. Com registros nas partes central, meridional e oriental do Cerrado.
-Variedade glabra: Folíolos glabros. Panículas do mesmo tamanho ou uma vez maior que as folhas adjacentes. Flores com sépalas glabras. Legume 1,8-2,5 x 1,5-2,2 cm. Arilo amarelo. Praticamente restrita à parte meridional do Cerrado.
-Variedade grandifolia: Folíolos glabros ou glabrescente na face adaxial e glabra ou pubescente na face abaxial. Panículas 1 a 2 vezes maiores que as folhas adjacentes. Fruto de 2,5-3,0 x 1,8-2,5 cm. Arilo amarelo. Dispersa por toda a área de abrangência do Cerrado.
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Indivíduo florido em cerradão convertido em pastagem. Ibiá (MG), 08-01-2017
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Superfície do ritidoma. Abadia dos Dourados (MG), 13-08-2013
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Inflorescências. Ibiá (MG), 08-01-2017
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Frutos abertos e sementes (pretas com arilo alaranjado). Ipameri (GO), 16-08-2011