Sinônimo: Fagara cinerea (Engl.) Engl. e Zanthoxylum cinereum Engl.
Mama-de-porca, mamica-de-porca, mamicão, tamanqueira
Árvores aculeadas no tronco e nos galhos, caducifólias, heliófilas a semi-esciófilas, dioicas a subdioicas, de até 15 m de altura e 35 cm de DAP; acúleos grandes, rijos, corticosos nos indivíduos de mais idade. Madeira moderadamente pesada; cerne variando de pardo-amarelado a marrom. Ritidoma moderadamente espesso, pouco ou muito dividido,variando de firme a descamante. Râmulos cinzentos, pubescen tes e esfoliantes. Folhas alternas, compostas, paripinadas ou imparipinadas, pilosas a glabrescentes, com 6-15 folíolos; raque + pecíolo de 8-28 cm de comprimento; folíolos opostos a subopostos, curto-peciolulados, oblongos a elípticos, acuminados, cartáceos a subcoriáceos, discolores, glandulosos, de margem inteira ou crenulada e 2-6 x 4-12 cm. Inflorescências terminais e subterminais, paniculiformes, muito ramificadas, pilosas, de 7-30 cm de comprimento, com flores unissexuadas ou andróginas. Flores creme-esverdeadas, curto-pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas, perfumadas, unissexuais, de ± 5 mm de comprimento; sépalas ovais; pétalas oblongas, livres; flor masculina com 5 estames exsertos e 2-3 pistilódios; flor feminina com ovário súpero e geralmente 5 estaminódios. Fruto subgloboso, seco, deiscente, monospermo, pubescente, glanduloso, de 6-9 mm de diâmetro. Semente subglobosa, de ± 5 mm de diâmetro, com tegumento negro, brilhante, rijo e hilo linear, branco.
R. riedelianum distribui-se do México ao norte da Argentina e o sul do Brasil, através dos países da América Central e da Venezuela, Colômbia, Equador., |Peru, Bolívia e Paraguai. No território brasileiro, a sua área de dispersão compreende as unidades federativas da região Centro-Oeste e os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins , Minas Gerais, São Paulo e Paraná. É encontrada em mais da metade da área de abrangência do Cerrado, em florestas subcaducifólias e caducifólias, florestas ribeirinhas associadas a solos bem drenados e às vezes em cerradões.
Essa rutácea floresce entre outubro e janeiro e apresenta frutos maduros entre 4 e 5 meses após a queda das flores. Estas são frequentadas por lepidópteros e himenópteros, com nítida predominância de abelhas. As sementes são dispersas por pássaros.
A madeira de Z. riedelianum é apropriada, e muitas vezes é usada, para confecção de ripas, tábuas para forros e pisos, móveis, caixotes, molduras, esculturas, toneis, remos, cabos de ferramentas e tamancos, entre outros artefatos. As flores são fonte de néctar e pólen para abelhas. Os frutos verdoengos e as sementes entram na dieta de diversas espécies de pássaros. A casca do tronco fervida em água dá origem a uma solução amarelada que é usada na fitoterapia popular, como linimento para aliviar dores nas pernas e como chá para debelar indisposições estomacais. Um estudo de laboratório conduzido por Lima et al. (2007) levou à constatação de que a casca e as folhas dessa espécie possuem compostos com atividade analgésica e anti-inflamatória. Os frutos, segundo os estudos de Costa et al. (2017) e Pereira et al (2018), possuem óleos essenciais com substâncias que apresentam atividade contra Bemisia tabaci, um inseto sugador que causa danos em diversas espécies de plantas cultivadas pelo homem. A espécie gera indivíduos com atributos que a tornam indicada para arborização urbana e recomposição de áreas desmatadas.
No processo de formação de mudas de Z. riedelianum, deve-se utilizar sementes retiradas de frutos recém-abertos, lavadas, mantidas em água à temperatura ambiente por 24 horas e secas à sombra. A semeadura pode ser realizada em sementeiras, para posterior repicagem das plântulas, ou em recipientes de ± 20 x 10 cm. O substrato pode ser uma mistura de terra argilo-arenosa com esterco curtido, na proporção de 1:1 e o ambiente deve ser parcialmente sombreado.
Z. riedelianum ocorre em ambientes preferenciais para atividades agropastoris e extração de madeira, atualmente muito fragmentados e sujeitos a incêndios e invasões de gado, mas distribui-se por uma significativa parte da área de abrangência do Cerrado e possui populações em muitas áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e em unidades de preservação de proteção integral.

Indivíduo em floresta estacional subcaducifólia alterada pelo homem. Paracatu (MG), 13-01-2020

Superfície do ritidoma e morfologia dos acúleos. Monte Carmelo (MG), 07-11-2014

Inflorescência e folhas novas, Abadia dos Dourados (MG), 10-01-2017

Frutos quase imaturos (verdes) e maduros (pardacentos). Abadia dos Dourados (MG), 29-06-2019

Frutos maduros e sementes. Iraí de Minas (MG), 15-07-2019