Laplacea fruticosa (Schrad.) Kobuski

Sinônimo: Gordonia fruticosa (Schrad.) H.Keng

Santa-rita, pau-de-santa-rita, cedrinho-vermelho, chazeiro

Árvore inerme, perenifólia ou subcaducifólia, heliófila, monoica, de até 15 m de altura e 25 cm de DAP. Casca espessa; ritidoma marrom a marrom-acinzentado, muito dividido e descamante; casca interna róseo-avermelhada. Madeira moderadamente pesada; cerne castanho-avermelhado. Râmulos cinzentos, roliços, geralmente descamantes. Folhas  simples, alterno-espiraladas, curto-pecioladas, cartáceas a carnosas, de margem glandulosa e parcialmente serreada, variando de ovadas a elípticas,  pilosas na face inferior, com 4-10 x 2-4 cm, de cor alaranjada a vermelha quando senescentes. Flores axilares, curto-pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, andróginas, vistosas, perfumadas, de 3-4,5 cm de diâmetro; corola branca, creme ou levemente rosada; androceu polistêmone, amarelo. Fruto seco, penta-locular,  deiscente, com 6-8 sementes por lóculo, marrom e com 2-2,5 cm de comprimento na maturação. Sementes compressas, aladas, triangulares, de 15-17 mm de comprimento.

Distribui-se da Costa Rica até o Paraguai e o Brasil, para onde possui registros de ocorrência nas unidades federativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e nos estados de Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins e Bahia, em vários tipos de formações florestais. Ocorre na maior parte da área de abrangência do Cerrado, sem ser frequente e demonstrando preferência por margens de florestas ribeirinhas bem drenadas ou sazonalmente encharcadas. Demonstra preferência também por regiões altas e esporadicamente forma agrupamentos com indivíduos de diferentes idades em clareiras nessas florestas.

L. fruticosa perde parte da folhagem na estação seca; possui registros de floração em fevereiro, maio e de agosto a dezembro, e de frutos maduros ou bem desenvolvidos em setembro e de março a junho. As flores parecem ser polinizadas por agentes de hábito, apesar de durante o dia serem frequentadas por uma variedades de insetos, com destaque para abelhas.

A madeira dessa espécie tem sido referida como apropriada para produção de laminados, compensados, contraplacados e polpa para papel, mas na prática quase só é usada para construir forros de casas singelas, para  confeccionar molduras, caixotes e esculturas, e como lenha. A espécie, em função das suas vistosas flores e da cor das folhas na senescência, é indicada para arborização; e por sua capacidade de proliferar em clareiras, deve ter preferência em projetos de recomposição de áreas desmatadas.

Para produzir mudas de L. fruticosa, é necessário colher frutos no início deiscência e esperar que se abram completamente , para melhor retirada das sementes. Estas devem ser postas para germinar sem as alas, em sementeiras contendo terra areno-argilosa misturada com esterco curtido na proporção de 1:1. A sementeira deve ser mantida sob cerca de 50% de sombreamento, até as plântulas atingirem em torno de 3 cm de altura, quando deverão ser transferidas para recipientes de ± 25 x 15 cm, com o mesmo tipo de substrato mas sob menor ou nenhum sombreamento.

L.fruticosa tem ampla dispersão no Cerrado, ocorre em áreas de preservação permanente (florestas ribeirinhas) e está presente em unidades de conservação de proteção integral nesse bioma. As suas principais ameaças são as intervenções indevidas do homem nessas florestas e o aumento da incidência de incêndios fortuitos no Cerrado.

 

Superfície do ritidoma e cor da casca interna. Taguatinga do Tocantins (TO), 24-08-2017

Ramos com folhas senescentes (avermelhadas). Brasília (DF), 12-04-2001

Flor e folhas. Brasília (DF), 12-04-2001

 

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